Lojas faturam com acessórios para fumar e cultivar Cannabis em casa

Mercado das chamadas headshops e growshops tem crescido no país na esteira de decisões judiciais

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Salvador

Em 2020, os amigos Tulio Coelho e Gabriel Valentim perceberam que o cultivo da Cannabis se expandiu durante a pandemia.

"Notamos o crescimento das concessões de habeas corpus [para o plantio em casa]. E um aumento do cultivo como uma prática até mesmo de terapia", diz Valentim.

Em 2021, eles criaram a Grama, loja especializada em produtos para o plantio dessa e e de outras plantas, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. Segundo a dupla, há mais de 2.000 clientes espalhados por 320 municípios em 22 estados. Além do ponto físico, é possível comprar pelo site ou por aplicativo de mensagens.

Bongs de vidro à venda na loja Isso é um Cachimbo?, em Salvador
Bongs de vidro à venda na loja Isso é um Cachimbo?, em Salvador - Rafaela Araújo/Folhapress

Negócios como o da dupla vêm surgindo no Brasil nos últimos anos na esteira de decisões judiciais que permitem o cultivo da planta para fins medicinais.

De acordo com Valentim, o mercado das growshops, como são chamadas essas lojas, é alvo de preconceito. Por isso, eles também promovem palestras e eventos de conscientização.

Já as headshops são tabacarias que também atendem o público consumidor de Cannabis. Vendem itens como seda (papel para enrolar o cigarro), dichavadores (acessórios para moer a maconha), isqueiros e bongs (cachimbo de água).

É o caso da Isso é um Cachimbo?, em Salvador. "Temos mais de 2.500 itens. Há 35 marcas de tabaco e quase 300 modelos de seda", diz Luna Nery, que abriu o negócio em 2016 com seu companheiro, Lucas Moura.

A empresa se tornou uma franquia, com 19 funcionários, cinco unidades na região metropolitana da capital baiana e faturamento médio anual de R$ 3,2 milhões.

A marca tem uma fábrica onde são feitos produtos como velas, ímãs e cosméticos. Nas lojas, há também livros com informações sobre a planta e seus usos.

O casal pretende expandir o negócio para o interior da Bahia e outras capitais do Nordeste.

Na unidade mais nova, no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, há um bar com vista para o mar, onde são realizados eventos, como uma confraria para fumantes de charuto e jantares temáticos.

Hoje, o STF (Supremo Tribunal Federal) está em meio a um julgamento sobre a descriminalização do porte de drogas. Para Emilio Figueiredo, advogado especializado em casos relativos ao cultivo e uso da Cannabis, a decisão do Supremo não terá, necessariamente, um impacto no mercado de headshops e growshops.

"Hoje, quem quer fumar maconha já fuma. Não existe proibição para ir a um headshop e comprar todo aquele kit para fazer o consumo. Então, não acho que esse mercado vai bombar com a descriminalização", diz Figueiredo.

"Claro que o empresário que está vivendo o dia a dia de uma empresa dessas deseja isso. E é legítimo que ele deseje prosperar com o seu negócio", acrescenta.

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