Descrição de chapéu miss brasil

Conheça os designers que fazem faixas e coroas para concursos de miss

Demanda por peças se estende também para outros tipos de eventos como aniversários e despedidas de solteira

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São Paulo

Em 2010, o terceiro colocado de um concurso de beleza no Rio Grande do Norte recebeu uma faixa tão simples que Damião Teixeira, o preparador do candidato, resolveu incrementá-la com uma costura mais elaborada. "Foi aí que tudo começou. Desde então não parei mais", conta o empresário de Natal (RN).

Hoje, é da produção de faixas que ele tira seu sustento. Com clientes espalhados pelo Brasil e em mais de 60 países, a principal demanda vem dos concursos de beleza, mas há todo tipo de pedido. "Esses dias recebi uma encomenda para uma Bianca. Descobri que Bianca era a égua do rapaz que encomendou."

Desde que entrou para o ramo das faixas, Damião viu o mercado crescer e se modificar. Antes da pandemia, por exemplo, as competições concentravam-se do período pós-Carnaval até meados de novembro. "Agora, trabalhamos o ano todo, parece que as pessoas estão correndo atrás do prejuízo. É uma rotina muito puxada", afirma ele, que chega a produzir 15 peças em uma semana movimentada.

Miss Universo Brasil 2020, Julia Gama usa coroa feita com pedrarias prateadas, com algumas pedras azuis, verdes e amarelas
Julia Gama, Miss Universo Brasil 2020, usa a coroa feita pelo joalheiro mineiro Tiago Seixas, durante o Miss Brasil Terra 2022, em São Paulo - Divulgação

Também corrido é o dia a dia de Maria Cristina Belarmino, cuja marca MC A Despedida atende concursos de beleza, mas tem como foco faixas para despedidas de solteira e headbands personalizadas para shows.

Com uma produção mais ágil, ela faz uma peça em até uma hora e meia, totalizando quase 50 pedidos diários, enquanto Damião leva cerca de um dia para elaborar, sozinho, um exemplar para concursos.

Maria Cristina começou produzindo lembrancinhas para eventos, mas ampliou o portfólio após uma faixa encomendada para um amigo secreto fazer sucesso nas redes sociais, em 2015.

Os pedidos são recebidos em marketplaces e produzidos em um ateliê em Osasco (SP) por uma equipe de três pessoas além dela, que se dedica exclusivamente à marca. "Pelo fato de ser feito manualmente e demandar muito capricho, é difícil achar mão de obra compatível", diz a designer, que vende faixas entre R$ 26 e R$ 112.

Damião sente a mesma dificuldade quanto à mão de obra especializada. "Às vezes você pega uma pessoa que faz alta-costura e ela não consegue fazer uma faixa." Seus valores vão de R$ 250 a R$ 350, conforme o material escolhido e o nível de elaboração.

Assim como ele, Francisco Aguero atende principalmente franquias de concursos de beleza. Paraguaio, o então jovem de 18 anos veio para São Paulo em 2000 para trabalhar como costureiro e, após fazer especialização em design, produziu peças para concursos pequenos.

Em 2014, começou a trabalhar com Antonio Carlos de Lima, conhecido como o Mago das Faixas, que morreu em 2018. Francisco herdou o negócio e o título.

Francisco Aguero, o Mago das Faixas, segura a faixa da Miss Universo Brasil 2023, azul com escritos em prateado
Francisco Aguero, o Mago das Faixas, em seu apartamento em São Paulo, com a faixa da Miss Universo Brasil 2023 - Lucas Seixas/Folhapress

É ele quem faz os exemplares de todos os concursos estaduais e alguns municipais do Miss Universo no Brasil, além do Miss Brasil Terra, Miss Grand Brasil e Miss Gay São Paulo. E também tem clientes na Itália, Espanha e Bélgica.

Seu trabalho apareceu ainda na São Paulo Fashion Week, por encomenda do estilista Walério Araújo.

O processo de confecção do Mago é semelhante ao de Damião. Depois de cortar o tecido, geralmente cetim, Francisco busca os escritos em um bordador terceirizado para então costurá-los e fazer o acabamento. As rosetas —item com fitas franzidas localizado na parte de baixo— são feitas à mão, assim como a colocação das pedrarias.

Com dois ajudantes, ele faz 50 peças por mês, cujos preços variam entre R$ 170 e R$ 350. "Entra bastante dinheiro, mas roda muito porque os materiais não são baratos e ainda tem os funcionários."

Para complementar a renda, o costureiro trabalha como designer em uma empresa uma vez por semana.

Alguma das faixas produzidas por Francisco Aguero, o Mago das Faixas
Alguma das faixas produzidas por Francisco Aguero, o Mago das Faixas - Lucas Seixas/Folhapress

Além das faixas, as coroas são muito valorizadas no mundo dos concursos. Segundo Tiago Seixas, joalheiro de Belo Horizonte (MG) que também atendeu o Miss Universo Brasil e o Miss Grand Brasil, a tendência entre as franquias é encomendar, a cada ano, peças que conversem com o conceito do concurso.

"As coroas estão deixando de ser simples para construir uma história. Está ficando cada vez mais interessante observá-las e compreender que elas carregam informação."

Daniele Amorim, por exemplo, dona da marca DMD Criações, de Maricá (RJ), já fez coroas com o contorno geográfico do respectivo estado do concurso. Com preços mais acessíveis do que o padrão —de R$ 230 a R$ 920—, há semanas em que ela produz 30 coroas, a maioria feita com latão niquelado e pedrarias de vidro.

Já Tiago utiliza latão banhado em ouro ou prata, com pedras naturais ou sintéticas, e faz entre cinco e seis peças por ano, que representam de 50% a 60% do seu faturamento como joalheiro. Sua faixa de valores catalogados começa em R$ 1.200 e vai até R$ 15 mil. A peça produzida por ele para o Miss Universo Brasil 2020, que coroou Julia Gama, foi avaliada em R$ 100 mil.

As referências estéticas para os modelos são uma mistura do repertório deles com a demanda específica dos clientes.

Apesar de os concursos liderarem os pedidos, Daniele e Tiago atendem encomendas para festas de aniversário, debutantes e formaturas. "Até para ensaios fotográficos já fiz. Cada um escolhe como vai usar", afirma a empresária.

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