Apps regionais de transporte focam atração de motoristas durante o Carnaval

Para atender ao aumento da demanda, empresas oferecem bônus a profissionais

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São Paulo

A ida de turistas para cidades do interior se intensifica no Carnaval. Em regiões como o sul de Minas Gerais, onde desfilam os tradicionais Bloco do Urso, em Santa Rita do Sapucaí, e o Bloco do Pijama, em São Lourenço, donos de aplicativos de transporte locais se preparam para atender o aumento do fluxo, com estratégias que visam tanto os motoristas quanto clientes.

Sócio-administrador do Pop 35, Henrique Gomes, 44, atenta-se ao número de motoristas disponíveis no feriado para evitar que passageiros fiquem muito tempo esperando ou não sejam atendidos. O aplicativo foi criado em Itajubá, no sul de Minas, na pandemia.

"Mapeamos isso pelo grupo que temos com os motoristas que prestam serviço. Perguntamos quem vai trabalhar e quem vai curtir o Carnaval."

Carro do aplicativo Pop 35 em Itajubá (MG), cidade em que foi fundado
Carro do aplicativo Pop 35 em Itajubá (MG), cidade em que foi fundado - Kauan Duarte/Folhapress

A empresa incentiva quem decide trabalhar no período com bônus para quem atinge um determinado número de corridas. Para Gomes, se o aplicativo pagar como um dia comum, não haverá motivação para trabalhar no período. Com isso, consegue manter de 75% a 80% dos trabalhadores cadastrados online.

O mesmo ocorre no Garupa, diz o sócio-gestor Vinícius de Mattos, 43. "O motorista ganha mais na corrida e é premiado quando alcança o número pedido na promoção."

A empresa foi criada em 2017 em Santa Maria (RS), a 290 km de Porto Alegre. Presente em 230 cidades de 13 estados, além do Distrito Federal, o aplicativo tem 67 mil motoristas cadastrados.

A companhia cresce por meio de sócios operadores: um empreendedor que mora na cidade se torna o dono do aplicativo no local, mas, ao contrário do modelo de franquia, aplica e valoriza aspectos regionais para instalar, gerir e divulgar a operação.

"Criamos um relacionamento com a cidade a ponto de os próprios moradores recomendarem nosso aplicativo. Os motoristas escolhem as empresas regionais porque remuneram melhor e valorizam mais", diz. O Garupa retém 20% do preço da corrida e divide o valor entre a matriz e o operador local.

Em 2020, a insatisfação com as taxas das grandes empresas também motivou a criação do CoperCar Itajubá, que conta hoje com 120 motoristas.

O presidente da cooperativa, Aloisio dos Santos, 51, destaca a ausência de motoristas em aplicativos como Uber e 99 na cidade sul-mineira. "Aqui, todas as plataformas multinacionais foram praticamente banidas, por conta de os motoristas não aderirem."

Segundo ele, as empresas chegam a reter 35% do valor da corrida, número que cai para 8% na cooperativa, valor que custeia a manutenção do aplicativo e a remuneração dos motoristas.

Já o Pop 35 retém uma taxa que vai de 15% a 7% do preço, reduzido de acordo com as avaliações do motorista.

Após estimar o número de motoristas disponíveis no período, Gomes aciona freelancers, que buscam complementar a renda apenas durante o feriado. A ideia é balancear o número de trabalhadores e o fluxo de corridas.

"O motorista tem que ter volume de corridas para se manter pelo aplicativo. Não podemos aceitar muita gente nova sem planejamento."

Embora não haja vínculo empregatício com os motoristas, Gomes afirma que todos têm CNPJ e autorização para dirigir por aplicativo, emitido pelo Departamento de Trânsito de Itajubá, como determina a legislação local.

A empresa tem mais de 30 mil downloads e 255 motoristas com cadastro ativo em Itajubá e Poços de Caldas (MG), onde chegou há cinco meses. Para 2024, a meta é expandir para outras cinco cidades.

Para a especialista em inovação e gestão de negócios Laura Gurgel, aumentar o número de motoristas sem perder o controle de documentação e dados de segurança é importante para garantir que o usuário não seja prejudicado.

Segundo ela, o envio de avisos com informações e dicas para motoristas e passageiros pode ser um diferencial. As possibilidades vão desde lembrar o cliente de pegar seus pertences até informar sobre o que é assédio.

Criada em 2017 em Parnaíba (PI), a 338 km de Teresina, a Ubiz Car faz campanhas de conscientização sobre embriaguez ao volante, conta Alécio de Araujo Cavalcante, 33, um dos fundadores.

A ação é realizada nas redes sociais e nas ruas das 57 cidades dos dez estados onde a empresa atua. O negócio é expandido pelo modelo de franquias, e cada cidade administra seus motoristas de forma independente, com suporte e orientação da matriz.

Gurgel também destaca o reforço da tecnologia. "A estrutura precisa estar firme e forte no horário [de pico]". Os responsáveis pelos aplicativos usam plataformas oferecidas por empresas especializadas.

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