Cúpula da Unasul entra em acordo unânime de apoio à Bolívia
A cúpula da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) ocorrida no Chile para discutir uma solução ao conflito político na Bolívia terminou após seis horas de reunião com um acordo unânime de apoio ao governo boliviano. O texto aprovado pela Unasul rejeita qualquer tentativa de divisão territorial da Bolívia.
A Declaração do Palácio de La Moneda --aprovada por unanimidade pelos nove presidentes que assistiram à reunião-- prevê a criação de uma comissão aberta a todos os países da Unasul, coordenada pela presidência chilena, para acompanhar o processo de negociação atualmente em curso em La Paz.
Os presidentes manifestaram "seu mais pleno e decidido apoio ao governo constitucional do presidente Evo Morales, cujo mandato foi ratificado por ampla maioria".
Arte/Folha Online |
O documento destaca que os países presentes à reunião rejeitam qualquer situação que tente um golpe civil, a ruptura da ordem institucional ou comprometa a unidade territorial da República da Bolívia.
Os presidentes da região também condenaram a morte de 18 camponeses no departamento de Pando, e acolheram o pedido do governo boliviano para o envio de uma missão da Unasul encarregada de investigar o ataque.
O documento foi firmado pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Tabaré Vázquez (Uruguai), Evo Morales (Bolívia), Cristina Kirchner (Argentina), Fernando Lugo (Paraguai), Alvaro Uribe (Colômbia), Rafael Correa (Equador), Hugo Chávez (Venezuela) e Bachelet, que exerce a presidência rotativa da Unasul.
Morales
O presidente boliviano, Evo Morales, agradeceu o apoio unânime dado pela Unasul, reunida de emergência em Santiago, e destacou que pela primeira vez os países da América Latina resolvem seus problemas por conta própria.
Morales agradeceu a Unasul "especialmente pela posição firme de defender a democracia e a unidade do povo da Bolívia".
"Esperamos que os grupos opositores possam entender este manifesto da América do Sul (...) para que saibam que o governo e os movimentos sociais trabalham apenas pela igualdade dos bolivianos e bolivianas visando transformações profundas no social e cultural na democracia".
"Pela primeira vez na história latino-americana, os países da América do Sul decidem entre si resolver seus próprios problemas", destacou Morales após o encontro em Santiago.
Sobre a oposição que enfrenta em cinco dos nove departamentos bolivianos, Morales disse que "é importante ter opositores", mas uma "oposição com propostas e não com violência, como fazem alguns grupos".
Protestos
Segundo ministro das Relações Exteriores do Peru, José Antonio García Belaúnde, o acordo estabelece a constituição de uma comissão da Unasul que investigará os fatos na região de Pando, onde se concentraram os distúrbios violentos que deixaram 30 mortos nos últimos dias
O governo boliviano anunciou nesta segunda-feira (15) a prisão de 11 pessoas na cidade de Cobija, no Departamento de Pando, fronteira com o Brasil, onde na quinta-feira passada morreram 18 camponeses em confrontos contra grupos da oposição.
O ministro da Defesa, Walker San Miguel, disse em entrevista coletiva que existem evidências de que os detidos, não identificados pelas autoridades, são "cabeças ou instigadores de grupos de choque" responsáveis pelo massacre de indígenas no povoado de Porvenir, na região de Cobija.
Os presos chegaram ontem a La Paz e serão levados a um povoado da região da capital boliviana.
Na sexta-feira passada, o presidente Evo Morales decretou o estado de sítio em Pando e determinou a prisão do governador local, Leopoldo Fernández.
Pando, no extremo norte da Bolívia, foi palco dos mais violentos confrontos da disputa entre cinco departamentos bolivianos, opostos a Morales, e o governo em La Paz.
Os últimos distúrbios começaram, depois que o departamento de Tarija, onde se concentra 60% da produção de gás e 85% das reservas do país, se opôs à decisão do governo de reduzir o repasse das verbas do principal imposto petrolífero do país, o IDH. Morales anunciou a medida com o intuito de aumentar a pensão dos idosos.
Em seguida, os outros quatro departamentos oposicionistas concordaram com Tarija e iniciaram protestos contra Morales. Eles argumentam que as verbas dirigidas aos idosos são o dobro do necessário e temem que o governo volte a reduzir os repasses de verbas.
Com Efe e France Presse
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