Unasul apóia Morales; governo e oposição tentam acordo na Bolívia
A reunião da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) ocorrida no Chile para discutir a crise na Bolívia terminou com o apoio ao governo do presidente Evo Morales e rejeitando qualquer tentativa de golpe civil ou de divisão territorial da Bolívia. O governo boliviano e a oposição devem voltar a negociar nesta terça-feira.
O texto, chamado de Declaração do Palácio de La Moneda, foi aprovado por unanimidade pelos nove presidentes que participaram da reunião. Ele prevê a criação de uma comissão aberta a todos os países da Unasul, coordenada pela atual presidência chilena, para acompanhar o processo de negociação em curso em La Paz.
Luis Hidalgo/Efe |
Cúpula da Unasul dá apoio ao governo do presidente boliviano, Evo Morales; partes podem chegar a acordo nesta terça-feira |
Nele, os presidentes manifestaram "seu mais pleno e decidido apoio ao governo constitucional do presidente Evo Morales, cujo mandato foi ratificado por ampla maioria".
O documento destaca ainda que os respectivos governos rejeitam energicamente e não reconhecerão qualquer situação que tente "um golpe civil, a ruptura da ordem institucional ou comprometa a unidade territorial da República da Bolívia".
Os presidentes da região também condenaram a morte dos camponeses no departamento de Pando (norte), e acolheram o pedido do governo boliviano para o envio de uma missão da Unasul encarregada de investigar o ataque.
A Unasul rejeitou ainda os ataques às repartições federais e à força pública por parte de grupos que buscam a desestabilização da democracia, e exigiu a pronta devolução das instalações ocupadas.
Os presidentes da região pediram a todos os membros da sociedade boliviana que preservem a unidade nacional e a integridade territorial do país, fundamentos básicos de todo Estado, e fizeram um apelo ao diálogo para estabelecer condições que permitam superar a atual crise e chegar a uma solução sustentável baseada no respeito ao Estado de direito e na institucionalidade.
O documento foi firmado pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Tabaré Vázquez (Uruguai), Evo Morales (Bolívia), Cristina Kirchner (Argentina), Fernando Lugo (Paraguai), Alvaro Uribe (Colômbia), Rafael Correa (Equador), Hugo Chávez (Venezuela) e Bachelet, que exerce a presidência rotativa da Unasul.
Agradecimento
Jose Manuel De La Maza/AP |
Presidentes dos países que integram a Unasul participaram de reunião de emergência no Chile; cúpula apoiou presidente Morales |
Morales agradeceu o apoio unânime dado pela Unasul, "especialmente por sua posição firme de defender a democracia e a unidade do povo da Bolívia".
"Esperamos que os grupos opositores possam entender este manifesto da América do Sul (...) para que saibam que o governo e os movimentos sociais trabalham apenas pela igualdade dos bolivianos e bolivianas visando transformações profundas no social e cultural na democracia".
Morales destacou ainda que "pela primeira vez na história latino-americana, os países da América do Sul decidem entre si resolver seus próprios problemas".
Diálogo
O governo boliviano e a oposição podem selar nesta terça-feira um acordo com as bases da futura negociação para minimizar a violenta crise no país que já dura cerca de um mês, depois do apoio concedido pela comunidade internacional ao presidente Morales.
O vice-presidente, Álvaro Garcia, e o governador de Tarija, Mario Cossío, representando as partes opositoras de Santa Cruz, Beni, Pando e Chuquisaca, mantiveram entre a noite desta segunda e a madrugada desta terça para tentar estabelecer uma base de acordo. A expectativa era que o diálogo fosse retomado após o retorno de Morales da cúpula da Unasul.
Arte/Folha Online |
O entendimento deve conter os temas que serão discutidos entre delegados do governo e a oposição, como o pedido dos prefeitos rebeldes de que sejam restituídos os fundos procedentes do imposto sobre os combustíveis que o Executivo destinou ao pagamento dos aposentados. Também será debatida a vigência das autonomias e o destino da nova Constituição que Morales deseja validar em um referendo em janeiro de 2009, apesar da oposição da direita.
O vice-ministro de Descentralização, Fabián Yaksic, e o governador Cossío, evitaram detalhes da reunião que se prolongou por mais de oito horas, mas adiantaram que hoje deve ser selado um documento para iniciar o diálogo, de acordo com o jornal boliviano "La Razón".
"Trabalhamos sobre a base dos avanços de sexta-feira (12) e domingo (14), acreditamos que amanhã (hoje) o país poderá conhecer a base de um diálogo sério", disse Yaksic.
Com France Presse
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