China condena mais cinco à morte por conflito étnico em Xinjiang
Uma corte chinesa condenou à morte outras cinco pessoas por envolvimento nos confrontos étnicos de Urumqi, capital da região de Xinjiang, em julho deste ano, disse uma porta-voz do governo local nesta quinta-feira.
O novo julgamento, que não foi divulgado pela imprensa nacional chinesa, eleva o número de sentenças de morte em relação ao levante para ao menos 22 --das quais ao menos nove já foram realizadas.
Segundo a agência de notícias Efe, um dos condenados é o jovem uigur Mehmet Maheti, de 19 anos. No mesmo julgamento, outros uigures também foram condenados à pena capital, mas com possibilidade de redução para prisão perpétua se mostrarem bom comportamento.
Um grupo da minoria étnica muçulmana uigur protestou em 5 de julho passado pela morte de dois membros em um linchamento em uma fábrica local. Os protestos foram duramente reprimidos pela polícia e se transformaram, em uma escalada de violência, em confrontos com a maioria étnica han.
Segundo fontes oficiais, a maioria dos 197 mortos nos distúrbios era de etnia chinesa han, mas os uigures dizem que o governo ocultou os mortos de sua etnia que foram executados pelas forças armadas, que poderiam ser centenas.
"Ao todo, 22 réus em cinco casos foram julgados em 22 e 23 de dezembro", disse à Reuters Hou Hanmin, diretora do escritório de Informação do governo de Xinjiang.
Hou não detalhou as condenações, que segundo ela foram publicadas em jornais locais. A internet está bloqueada desde julho e os sites de jornais locais não podem ser acessados de fora da região.
No total, 63 pessoas já foram julgadas pelo envolvimento nos distúrbios. Nove condenados a morte foram executados em novembro, quatro meses após os atos mais graves de violência na China nas últimas décadas.
Reação
As condenações provocaram a reação dos grupos uigures no exílio, como a Associação Americana Uigur (UAA, na sigla em inglês), que qualificou os julgamentos como "politizados e carentes de transparência".
Segundo a associação, as autoridades chinesas proibiram que os jornalistas locais fornecessem informação detalhada ou elaborassem suas próprias investigações sobre os acusados ou as revoltas.
"A sentença em massa de 22 uigures, incluindo um jovem de 19 anos, à pena de morte, às vésperas do Natal e do Ano Novo, é destinada a aterrorizar toda a população uigur durante o próximo ano", afirmou em comunicado a líder exilada nos Estados Unidos, Rebiya Kadeer.
Pequim acusou Kadeer em julho passado de ter orquestrado os protestos em Urumqi, algo que a ativista negou em diversas ocasiões.
Kadeer pediu à comunidade internacional que pressione Pequim para que seja realizada uma investigação independente das detenções e dos assassinatos de uigures desde o massacre de 5 de julho, com o objetivo de frear as execuções contra a etnia.
Os uigures, que em 1957 representavam 94% da população de Xinjiang, são hoje menos da metade de um censo de 20 milhões, devido à política de repovoamento com colonos chineses impulsionada por Pequim. A etnia diz sentir-se discriminada e condenada ao extermínio pelos chineses.
Com agências internacionais
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