Carro-bomba mata 21 que participavam de missa de Ano-Novo no Egito
Um carro-bomba explodiu em frente a uma igreja na cidade de Alexandria, no norte do Egito, matando ao menos 21 pessoas que participavam de uma missa de Ano-Novo.
Outras 43 pessoas ficaram feridas na explosão, que levou centenas de coptas --os cristãos do Egito-- a organizar protestos nas ruas durante a madrugada deste sábado. A igreja copta representa uma das crenças orientais mais antigas do mundo, sendo governada pelo atual líder --o papa Shenouda 3º-- ao lado de seu sínodo.
Em entrevista à TV estatal, o governador de Alexandria, Adel Labib, acusou a rede Al Qaeda de planejar a ação, sem fornecer mais detalhes.
Durante as manifestações nas ruas, alguns grupos de coptas e muçulmanos lançaram pedras uns contra os outros, e carros foram incendiados. Os cristãos são cerca de 10% dos cerca de 79 milhões de habitantes do país, de maioria muçulmana.
A polícia usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Dezenas de homens foram destacados neste sábado para reforçar a segurança.
"As pessoas foram à igreja para rezar, mas acabaram mortas. Esse massacre foi planejado pela Al Qaeda, segue o mesmo padrão das ações em outros países", disse Kameel Sadeeq, do conselho da igreja copta em Alexandria.
Em um comunicado, o Ministério do Interior informou que a explosão ocorreu pouco depois da meia-noite, após uma missa para marcar o Ano-Novo. De acordo com a nota, o ataque também danificou uma mesquita próxima à igreja, e oito muçulmanos estariam entre os feridos.
"Investigações preliminares apontam que um carro-bomba causou a explosão. O veículo estava estacionado em frente à igreja, ao lado dos carros dos fieis", diz ainda o comunicado.
De acordo com a agência de notícias oficial MENA, o presidente egípcio, Hosni Mubarak, pediu que a população "se una" para combater o terrorismo, e pediu que as autoridades localizem e punam os responsáveis pelo ataque.
ATAQUE
O atentado deste sábado foi perpetrado contra a Igreja dos Santos, no bairro de Sidi Bishr, a 0h15 do horário local, quando havia cerca de mil fiéis dentro do local religioso.
Restos mortais das vítimas ficaram espalhados pela rua onde aconteceu o atentado, que danificou edifícios próximos, como uma mesquita situada em frente ao templo cristão.
Trata-se de um dos atentados mais sangrentos ocorridos no Egito nos últimos anos, sendo o mais grave contra a comunidade cristã do país, que representa 10% da população.
Devido às eleições presidenciais marcadas para setembro, o Egito reforçou a segurança nas áreas próximas a igrejas, proibindo que carros sejam estacionados em frente a elas. A medida foi tomada depois que grupos ligados à Al Qaeda no Iraque ameaçaram atacar igrejas cristãs no Egito.
Nas últimas semanas, organizações terroristas iraquianas vinculadas à Al Qaeda perpetraram vários ataques contra cristãos do país, em protesto pelo suposto desaparecimento de duas mulheres egípcias que eram cristãs e se converteram ao islã.
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