Entrada da Venezuela no Mercosul é como vitória de Lula, diz Chávez
Em discurso no Palácio do Planalto, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou nesta terça-feira que o ingresso da Venezuela no Mercosul representa para o país a "maior oportunidade histórica em 200 anos" e comparou a chegada do novo membro à eleição de Lula em 2002.
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"Ocorre-me que o ingresso da Venezuela como membro pleno do Mercado Comum do Sul tem alguma semelhança com o dia em que este povo do Brasil elegeu como seu presidente Luiz Inácio Lula da Silva", afirmou após reunião com os demais presidentes do bloco.
Sergio Lima/Folhapress | ||
Hugo Chávez, Dilma Rousseff, líder uruguaio José Mujica e Cristina Kirchner no Palácio do Planalto |
Segundo a discursar na cerimônia, logo após a presidente Dilma Rousseff, Chávez disse ainda que a Venezuela deveria ter ingressado no Mercosul "há templos". "Mas como está na Bíblia, tudo o que acontece sob o sol tem a sua hora", completou.
DEMOCRACIA E PARAGUAI
O presidente aproveitou a cerimônia para defender seu governo. Ele afirmou que apesar das críticas de que o país é uma "ditadura, neoditadura, regime autocrático", o processo democrático do país "amadureceu muito".
Chávez, que tenta se reeleger pela quarta vez em outubro, não citou explicitamente as eleições presidenciais da Venezuela. Disse que em janeiro seu país vai começar "um novo ciclo" do programa de seu governo de seis anos.
"O ingresso da Venezuela no Mercosul como membro pleno coincide com um novo ciclo, um cenário político constitucional que se inicia muito em breve na Venezuela. (...) Para o nosso projeto nacional de desenvolvimento, nada mais oportuno do que este evento de hoje", disse.
A Venezuela entra no Mercosul sem o endosso de um de seus membros, o Paraguai, suspenso do bloco após o impeachment de Fernando Lugo, em junho. O Legislativo do país jamais aprovou a entrada do país de Chávez, mas perdeu o poder de bloqueio pela suspensão.
Coube a anfitriã Dilma Rousseff se referir ao tema, repetindo que o bloco não vai impor sanções econômicas ao Paraguai.
"Esperamos que o Paraguai normalize sua situação institucional e democrática para reavaer seus direitos plenos", disse Dilma.
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, só se referiu a questão quando disse que sua mensagem de que Mercosul, como "novo polo de poder", deveria construir instituições que o tornassem "indivisível" também se dirigia ao "futuro presidente democrático" do Paraguai.
A expectativa é que o país seja readmitido no bloco após eleições em 2013.
DILMA
Pouco antes, a presidente Dilma Rousseff enalteceu a entrada da Venezuela. No Palácio do Planalto, a presidente afirmou que o Brasil, na presidência temporária do grupo, tem como uma de suas responsabilidades conduzir iniciativas para enfrentar o "grave quadro da economia internacional".
"O Brasil, na condução dos trabalhos do Mercosul nesse semestre, tem responsabilidades acrescidas. Temos, não apenas de manter o bom funcionamento do bloco. Mas também levar adiante, em coordenação com nossos países parceiros, iniciativas que possam contribuir para fazer face ao grave quadro da economia internacional", afirmou a presidente em discurso no Planalto.
A presidente declarou ainda que o patrimônio dos países do bloco, acumulado durante a consolidação do mercado regional se torna "ainda mais precioso" em um cenário de crise internacional.
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