EUA abrirão embaixada em Jerusalém em maio

Data coincide com comemoração do aniversário de 70 anos de Israel 

Vista do Muro das Lamentações e do Domo da Rocha, na Cidade Velha de Jerusalém - Oded Balilty - 6.dez.2017/Associated Press
 
Washington e Ramallah | Reuters e AFP

Os EUA abrirão sua embaixada em Jerusalém em maio, para marcar as comemorações dos 70 anos de independência de Israel, anunciou nesta sexta-feira (23) o Departamento de Estado.

O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, disse que o anúncio representa “um grande dia para o povo de Israel”. 

A representação diplomática americana em Israel é atualmente em Tel Aviv, mas o presidente Donald Trump anunciou que a transferiria para Jerusalém, que designou como capital de Israel. A medida reverte décadas de política externa americana.

A embaixada será localizada no edifício que hoje abriga a seção consular no bairro de Arnona até o final de 2019, quando será transferida para um anexo, afirmou o Departamento de Estado. Os EUA começaram a procurar um local para a embaixada permanente em Jerusalém, acrescentou. 

"Estamos animados para dar esse passo histórico e esperamos ansiosamente pela inauguração em maio", afirmou a porta-voz Heather Nauert.

Em visita ao país no mês passado, o vice-presidente, Mike Pence, havia dito que a transferência ocorreria apenas no fim de 2019. 

Antigo Diplomat Hotel, em Jerusalém, é considerado uma opção para abrir a embaixada dos EUA - Thomas Coex - 12.dez.2017/AFP

Palestinos reagiram com fúria à notícia, afirmando que irá destruir a possibilidade de uma solução de dois Estados no conflito israelo-palestinos.

Houve protestos em Gaza e na Cisjordânia. Palestinos demandam que Jerusalém Oriental -- anexada por Israel em 1967 -- seja capital de seu futuro Estado. 

Saeb Erekat, negociador-chefe palestino nas conversas de paz, que estão congeladas desde 2014, afirmou que a decisão americana mostra "uma determinação de violar a lei internacional, destruir a solução de dois Estados e provocar os sentidos do povo palestino, bem como de árabes, muçulmanos e cristãos ao redor do globo". 

"É um passo inaceitável. Qualquer ação unilateral não dará legitimidade a ninguém e será um obstáculo a qualquer esforço para criar paz na região", afirmou Nabil Abu Rdainah, porta-voz do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.

A data de 14 de maio mencionada pela imprensa israelense coincide no calendário ocidental com o aniversário da proclamação do Estado de Israel. Os palestinos comemoram todos os anos essa ocasião como a "Nakba" (catástrofe). 

Em discurso nesta sexta em encontro conservador próximo a Washington, antes do anúncio pelo Departamento de Estado, Trump relembrou sua controversa decisão de transferir a embaixada. 

"Eu menciono que posso fazer isso. Sou atingido por mais países e mais pressão e mais gente pedindo, implorando 'não faça isso, não faça isso, não faça isso'", disse Trump. 

"Eu disse que tenho de fazer. É a coisa certa a fazer, temos de fazer. E fiz."

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