Descrição de chapéu Governo Trump

FBI indicia 13 russos por interferirem nas eleições americanas

Agentes investigam ainda se campanha de Trump agiu em conluio com estrangeiros

Funcionário preparam máquinas de votação no condado de Bexar, no Texas; governo indicia 13 russos por interferência em eleição de 2016
Funcionário preparam máquinas de votação no condado de Bexar, no Texas; governo indicia 13 russos por interferência em eleição de 2016 - Eric Gay - 13.fev.2018/Associated Press
Washington

O Departamento de Justiça dos EUA indiciou nesta sexta-feira (16) 13 cidadãos russos por suspeita de interferirem nas eleições americanas de 2016 e de "espalharem a desconfiança em relação ao sistema político" do país.

É o primeiro grande indiciamento do inquérito conduzido pelo FBI, que investiga a intromissão russa na disputa presidencial que elegeu o republicano Donald  Trump.

De acordo com o documento, os russos espalharam informações falsas sobre as eleições por meio de perfis fraudulentos em redes sociais, fazendo-se passar por americanos.

Embora tenham tanto atacado quanto defendido a maioria dos candidatos, documentos internos mostram que a prioridade número um do grupo "era criticar Hillary Clinton" —candidata do Partido Democrata e adversária de Trump.

"Usem qualquer oportunidade para criticar Hillary e o resto, exceto [Bernie] Sanders [que disputou as primárias democratas] e Trump  —nós os apoiamos", informa um memorando do grupo, de fevereiro de 2016.

O Departamento de Justiça frisou que não há informações de que isso tenha alterado o resultado das eleições —pelo menos, não até aqui. A investigação, conduzida pelo procurador especial Robert Mueller, continua em andamento.

O documento menciona, porém, que alguns suspeitos "se comunicaram com indivíduos associados à campanha de Trump para coordenar atividades políticas", mas afirma que eles não teriam conhecimento da ação fraudulenta do grupo.

Um dos eixos do inquérito de Mueller é a conexão de membros da campanha do republicano com agentes russos, que continua em apuração.

O secretário-adjunto de Justiça, Rod Rosenstein, minimizou a revelação durante entrevista à imprensa, e disse nenhum americano estava envolvido nos fatos apurados até aqui.

"Não há nenhuma alegação, neste indiciamento, de que algum americano tenha participado conscientemente desta atividade", afirmou.

Segundo ele, as informações disseminadas pelos russos atacavam (e defendiam) ambos os candidatos, com o objetivo primordial de prejudicar o funcionamento das eleições e do sistema de justiça americano.

Há, de fato, atos articulados pelos russos que protestam contra a eleição de Trump. A maioria dos episódios relatados no documento, porém, ataca Clinton e apoiam o republicano, como os perfis "Marche por Trump", "Hillary na Prisão", "Apoie a Segunda Emenda, Vote Trump" (em referência ao trecho da Constituição americana que assegura o porte de armas) e "Fora Hillary".

Trump afirmou nesta sexta (16) que o indiciamento mostra que as atividades dos russos começaram em 2014, "muito antes de eu anunciar que concorreria à presidência". "A minha campanha não fez nada de errado: não houve conluio", afirmou, em uma rede social.

ESQUEMA

De acordo com o Departamento de Justiça, os suspeitos trabalhavam para a Internet Research Agency (IRA), uma empresa russa baseada em São Petersburgo que montou uma "fazenda de trolls", ou seja, perfis falsos que atacavam candidatos e espalhavam informações fraudulentas sobre as eleições. As atividades da empresa começaram em 2014.

Eram centenas de funcionários, que faziam turnos inclusive na madrugada —para disseminar as informações no fuso horário americano. A empresa tinha um orçamento anual de milhões de dólares, segundo Rosenstein, e atuava em diversos países, incluindo os Estados Unidos. Em setembro de 2016, dois meses antes das eleições americanas, o valor mensal dedicado ao projeto era de US$ 1,2 milhão de dólares.

Durante a eleição, os trolls se passaram por americanos, e muitas vezes se apropriavam de perfis verdadeiros, usando fotos e nomes iguais aos de pessoas reais.

Parte da ação se dava pela compra de posts patrocinados em redes sociais como o Facebook, Twitter e YouTube —cujos executivos já haviam prestado informações sobre o tema a comissões do Congresso americano.

Os 13 suspeitos foram indiciados por oito crimes federais, entre eles, conspiração para fraude aos Estados Unidos, conspiração para fraude bancária e roubo de identidade. Três empresas russas envolvidas nos fatos investigados também foram indiciadas.

O governo americano irá pedir a cooperação da Rússia para dar continuidade ao processo judicial cabível. Os 13 indiciados vivem no país estrangeiro.

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