Mulheres sauditas não precisam usar a abaya -- túnicas pretas que remetem à fé religiosa --, afirmou um alto membro do organismo clerical do país arábe, em mais uma possível indicação de modernização do reino.
Em programa de rádio, o xeque Abdullah al-Mutlaq, do Conselho dos Clérigos, disse que as mulheres devem se vestir de maneira discreta, mas não necessariamente de abaya.
"Mais de 90% das mulheres pias muçulmanas no mundo islâmico não usam abayas", disse o xeque na sexta-feira (9). "Então não devemos forçar ninguém a usá-las."
Embora não necessariamente represente uma mudança na lei, a declaração é a primeira do tipo de uma alta autoridade religiosa saudita. Ela segue uma série de iniciativas do príncipe-herdeiro Mohammad bin Salman, conhecido pela sigla MBS, desde que subiu ao poder.
Apenas clérigos associados ao Conselho dos Clérigos têm autorização para emitir fatwas (decisão baseada na lei islâmica). Suas interpretações formam a base do sistema legal da Arábia Saudita.
Mais recentemente, mulheres sauditas começaram a usar abayas com cores, e abayas abertas sobre jeans ou saias longas também se tornaram mais comuns em algumas partes do país.
Em 2016, uma mulher saudita foi detida por ter removido a túnica em uma rua de Riad, após uma reclamação ter sido registrada na polícia religiosa.
O reino tem visto uma expansão dos direitos das mulheres recentemente, como a decisão de permitir que elas assistam a eventos esportivos mistos e o anúncio de que teriam permissão para dirigir.
Mas apesar dessas mudanças, o país vive um regime de segregação de gênero. Um membro da família masculino precisa dar permissão para que uma mulher estude fora do país, viaje ou faça outras atividades.
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