Congressistas dos EUA querem apuração sobre roubos de dados 

Senadores republicanos pedem rigor em relação ao Facebook no caso da Cambridge Analytica

Washington | Reuters

Congressistas dos EUA reagiram neste domingo sobre o caso envolvendo a Cambridge Analytica, que obteve dados sigilosos de 50 milhões de usuários do Facebook e usou as informações para ajudar a eleger o presidente Donald Trump em 2016.

Um dia após o jornal americano The New Times e o britânico The Observer (versão dominical do Guardian) publicarem a informação sobre o roubo de dados, eles se manifestaram por um maior rigor em relação ao Facebook. 

Um ex-funcionário da Cambridge AnalyticaChristopher  Wylie, revelou aos dois jornais os detalhes do esquema, que funcionou entre 2014 e 2015.  

As informações jogam luz sobre o papel da Cambridge Analytica na eleição de Trump e aumentam o questionamento sobre a privacidade dos dados dos usuários no Facebook. 

A empresa ganhou fama durante a eleição americana por ser pioneira no uso de psicologia comportamental com base em grandes bases de dados em campanhas políticas. Ela faz parte da consultoria britânica SCL e tem como sócio o bilionário Robert Mercer, um doador republicano e apoiador de Trump.

Segundo a reportagem, o roubo dos dados foi feito através do aplicativo thisisyourdigitallife, que pertence a GSR, empresa criada pelo russo-americano Aleksandr Kogan, pesquisador da Universidade de Cambridge e bolsista do governo russo.

app pagava usuários para responderem uma série de perguntas e, em troca, a pessoa consentia que o programa tivesse acesso às suas informações no Facebook, como localização e “likes” —cerca de 270 mil pessoas aceitaram disponibilizar seus dados dessa forma. 

O aplicativo, porém, não avisava que além dos dados dos usuários, também captava as informações de todos os amigos, chegando ao total de 50 milhões de pessoas. Esses dados foram vendidos então pela GSRpara a Cambridge Analytica

Logos do Facebook nas redes sociais
Logos do Facebook nas redes sociais - Loic Venance/AFP

Investigação

O senador republicano Marco Rubio disse acreditar que algumas empresas de internet cresceram demais para arcarem com responsabilidades e obrigações. “Vamos analisar mais [sobre o roubo de dados] nos próximos dias. Mas, sim, estou preocupado.”

Já o senador Rand Paul foi mais direto. “Seja ou não roubo de dados, quebrou a lei, e a privacidade do consumidor e a do indivíduo americano devem ser protegidas.”

Adam Schiff, principal nome democrata no Comitê de Inteligência da Câmara, pediu mais investigação. “Precisamos descobrir o que podemos sobre a apropriação indevida da privacidade, a informação privada de dezenas de milhões de americanos.”

O pontos mais falado neste domingo (17) foi sobre o paradeiro dos dados e se eles ainda estão sendo usados.

Diante da repercussão negativa do caso, o Facebook, que no sábado (17) tinha dito que soube do vazamento em 2015 e retirou do ar o aplicativo, divulgou que fará “revisão interna e externa abrangente” para proteger os usuários. Contudo não comentou sobre as manifestações dos congressistas americanos.
 

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