Brasileiro teve papel crucial na criação do Estado judeu

Oswaldo Aranha presidiu sessão especial da Assembleia da ONU e apoiou partição da Palestina britânica

Diogo Bercito
Jerusalém

No centro de Jerusalém, ao lado de um cemitério muçulmano, uma praça leva o nome do brasileiro Oswaldo Aranha (1894-1960).

Ele é homenageado por israelenses porque presidiu, em 1947, uma sessão especial da Assembleia-Geral da ONU e apoiou a partição da Palestina britânica, evento que levou à criação do Estado de Israel, em 1948. A resolução também previa um Estado árabe, ainda inexistente.

O brasileiro é considerado fundamental para a decisão da ONU por ter feito lobby por um voto positivo. Ele foi nomeado ao Nobel da Paz.

Oswaldo Aranha e o escritor Orson Welles durante entrevista radiofônica, em 1942
Oswaldo Aranha e o escritor Orson Welles durante entrevista radiofônica, em 1942 - Reprodução

Por ter presidido aquela sessão, Oswaldo Aranha inaugurou também uma tradição seguida até hoje pelas Nações Unidas: a de que o chefe da delegação brasileira seja o primeiro a discursar na reunião.

A ONU era, àquela época, um órgão recente e tinha feito poucas discussões oficiais. A sede atual ainda não estava em uso.

Há, no entanto, visões conflitantes sobre o legado do brasileiro.

Por um lado, louva-se o trabalho do diplomata pela partição da Palestina britânica, mas historiadores apontam também que ele participou da decisão de o Brasil negar vistos a judeus, enquanto a Alemanha perseguia o povo.

Um dos estudos mais citados é o da professora da Universidade de São Paulo Maria Luiza Tucci Carneiro, autora de “O Antissemitismo na Era Vargas” (editora Perspectiva, 540 págs., R$ 67) e de outras obras sobre esse tema.

As pesquisas, no entanto, não reduziram o afeto sentido em Israel pelo personagem histórico.

Além da praça em Jerusalém, há lembranças no kibutz Bror Chail. Esse kibutz —nome dado a comunidades coletivas em Israel— está localizado próximo à faixa de Gaza e abriga uma comunidade expressiva de brasileiros.

O Bror Chail diz guardar ali, entre suas construções, o martelo utilizado por Oswaldo Aranha em uma das sessões da ONU.

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