Ex-presidente da Coreia do Sul é condenada a 24 anos de prisão

Park Geun-hye, que sofreu impeachment no ano passado, era acusada de corrupção e abuso de poder

Apoiadora de Park Geun-hye protesta após condenação da ex-presidente
Apoiadora de Park Geun-hye protesta após condenação da ex-presidente - Kim Hong-Ji/Reuters
 
Seul | Reuters e Associated Press

A ex-presidente da Coreia do Sul Park Geun-hye, 66, foi condenada nesta sexta-feira (6) a 24 anos de prisão por abuso de poder e corrupção, devido a sua participação em um escândalo que já tinha provocado seu impeachment em março de 2017.

Ela foi considerada culpada de ter participado de um esquema que pressionou 18 grupos empresárias a doarem um total de 77,4 bilhões de wons (R$ 240 milhões) para duas fundações controladas por uma amiga, Choi Soon-sil. 

Park, assim como Choi, também foi condenada por receber propina de algumas dessas companhias, entre elas 7 bilhões de wons (R$ 21 milhões) da Samsung, embora a corte tenha decidido que os procuradores não conseguiram provar o que as empresas receberam em troca pelo pagamento. Diversos empresários também enfrentam atualmente acusações por suas participações no caso. 

O tribunal disse ainda que ela se aliou a outras autoridades do governo para impedir que artistas críticos a sua gestão tivessem aceso a verbas públicas e que passou documentos sigilosos para Choi. Park terá ainda que pagar uma multa de 18 bilhões de wons (R$ 56 milhões). 

"A acusada abusou de seu poder presidencial e da confiança do povo e, como resultado, trouxe um grande caos as questões estatais, que levaram ao impeachment da presidente, o que não tem precedentes", disse o juiz Kim Se-yoon ao anunciar a sentença. Ele disse ainda que ela não mostrou sinais de arrependimento pelos crimes. 

Park, que está presa desde o dia 31 de março de 2017, nega todos as acusações. Ela não compareceu ao tribunal nesta sexta. 

Kang Chul-koo, um dos advogados da ex-presidente, disse que vai discutir com ela a possibilidade de recorrer da decisão, o que deve ser feito em até uma semana. "Nós tentamos o nosso melhor, mas o resultado infelizmente foi muito ruim. Um dia a verdade será revelada", afirmou ele ao deixar o tribunal. 

Os procuradores também estudam entrar com uma apelação para aumentar a pena,  já que tinham pedido 30 anos de prisão para a antiga líder. 

 

Protesto

Após o anúncio da decisão do tribunal em Seul, um grupo de apoiadores da Park realizaram um protesto em frente à corte. 

Ela é filha do ditador militar Park Chung-hee, que comandou o país entre 1961 e 1979, um dos nomes mais polêmicos da política sul-coreana. Acusado de torturar e prender oponentes, ele também é considerado o pai do alto crescimento econômico do país nas décadas de 1960 e 1970. 

O ditador foi morto por seu próprio chefe de inteligência do país em 1979 —a mãe da ex-presidente já tinha morrido em 1974, em uma tentativa de assassinato contra o pai. 

Com a morte dos dois, Park se afastou da vida pública e passou a ter como mentor Choi Tae-min, guru espiritual do ditador e pai de Choi Soon-sil, a amiga também condenada.   

Ela voltaria à política nos anos 1990, quando foi eleita deputada e em 2012 venceu a eleição presidencial com apoio conservador.  

Pouco depois, porém, começaram a surgir as primeiras denúncias da ligação entre ela e Choi, que acabaram levando a sua deposição em 2017, o que a transformou na primeira presidente a sofrer o impeachment no país desde a divisão da península coreana em 1948. 

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