O americano Donald Trump parece ter dobrado o charme do presidente francês: nesta terça-feira (24), em meio à troca de abraços, elogios e calorosos tapinhas nas costas do republicano, o mandatário da França, Emmanuel Macron, declarou que está disposto a discutir um novo acordo nuclear com o Irã.
“Nós queremos trabalhar a partir de agora em um novo acordo para o Irã”, disse Macron, durante uma entrevista na Casa Branca.
É uma mudança completa de rumo, depois de o francês afirmar que “não havia plano B” para o Irã e que a melhor opção era a atual.
“Estamos levando em conta a posição e os interesses recíprocos de nossos países”, declarou Macron. “Nós discordamos em relação ao atual acordo, mas estamos superando essa diferença ao decidirmos trabalhar juntos rumo a um novo pacto.”
Para ele, as novas negociações devem contemplar soluções para a estabilidade política do Oriente Médio, incluindo a situação da Síria, que vive uma guerra civil há sete anos e que deve precisar de esforços de reconstrução em breve.
O francês, porém, defende que o atual acordo continue de pé, e que um novo tratado contemple o período após 2025, quando a maior parte das atuais disposições expira.
“Não é que vamos rasgar e começar do zero, mas vamos construir algo novo que contemple todas as nossas preocupações”, afirmou Macron.
NAMORO
O atual acordo, que impõe travas ao programa nuclear do Irã em troca de alívio nas sanções internacionais, foi costurado em 2015, pelo então presidente americano Barack Obama e pelos líderes do Irã, França, Reino Unido, Alemanha, China e Rússia.
Macron defende a importância do atual acordo e alertou nesta semana que, se os EUA ou outros países deixarem o pacto, pode haver repercussões na estabilidade política da região.
Mas o francês disse nesta terça que o país “não é ingênuo” em relação ao tema e que não quer cometer os mesmos erros do passado —pedindo que as negociações incluam o fim dos testes nucleares pelo Irã.
Trump, um dos principais críticos do atual acordo, abraçou Macron ao final do pronunciamento do francês e disse: “Eu gosto muito dele”.
“Nós temos muito em comum. Nós podemos mudar, ser flexíveis. Na vida, é preciso ser flexível”, declarou o republicano. “A França é um grande país, e será elevada a novas alturas com esse presidente.”
O americano, de fato, não poupou afagos ao francês de 40 anos, eleito em maio do ano passado. Momentos antes, Trump chegou a ajeitar o terno de Macron no início de um encontro, dizendo ter um relacionamento “muito especial” com o presidente.
“Eu vou tirar esse pedacinho de caspa dele. Nós temos que deixá-lo perfeito: ele é perfeito”, afirmou.
Macron, apelidado na Europa de “encantador de Trump”, retribuiu os afagos de forma discreta, e agradeceu as conversas “francas e frutíferas” que tiveram ao longo do dia.
A França é uma das principais aliadas dos EUA na Europa, e participou do recente ataque à Síria, em represália ao uso de armas químicas pelo governo de Bashar al-Assad.
Os dois países afirmam estar unidos na luta contra o terrorismo e contra o Estado Islâmico, e dizem atuar em prol da estabilidade política no Oriente Médio.
O presidente americano insistiu que outros países da região contribuam para uma eventual reconstrução da Síria, e voltou a criticar duramente a atual negociação com o Irã. Os EUA ameaçam deixar o acordo caso nada seja alterado.
Ele ainda afirmou que, se o Irã continuar a ameaçar os EUA, “vai pagar um preço que poucos países jamais pagaram”.
Trump e Macron deixaram o salão abraçados, apoiando as mãos nas costas um do outro.
O francês faz a primeira visita de Estado de um líder estrangeiro nos EUA desde a eleição de Trump, em novembro de 2016. Ele ficará no país por três dias.
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