Pesquisas de boca de urna apontam para a aprovação, em referendo na sexta (25), da derrubada da emenda constitucional irlandesa que proíbe o aborto salvo em caso de risco de morte da mãe.
Segundo levantamento do instituto Ipsos para o jornal Irish Times, 68% votaram "sim" pelo fim da oitava emenda à Constituição. O "não" foi escolhido por 32%. A pesquisa foi realizada com 4.000 pessoas e tem margem de erro de 1,5 ponto percentual.
Já o canal RTE mostra que o apoio à legalização foi de 69,4%, contra 30,6% contrários. A emissora consultou 3.800 pessoas e a margem de erro é de 1,6 ponto percentual. Os resultados oficiais deverão ser divulgados neste sábado (26).
Se confirmado o resultado, será o fim de uma das legislações antiaborto mais restritivas da União Europeia. A emenda constitucional, aprovada em 1983, trata o feto e a mãe como iguais perante a lei.
Uma mulher que cometa um aborto ilegal pode ser punida com até 14 anos de prisão, e milhares de irlandesas viajam anualmente para interromper gestações no Reino Unido e em outros países.
Os favoráveis à supressão da emenda veem no gesto uma chance de modernizar os costumes do país, um dos mais católicos da Europa, três anos depois de o casamento de pessoas do mesmo sexo ser aprovado em referendo.
A intenção do governo e dos favoráveis ao aborto é que, a partir da consulta, o Parlamento discuta e aprove uma lei que libere o aborto em qualquer circunstância até 12 semanas de gestação.
A votação mobilizou o país, com centros de votação cheios em todas as regiões. Apoiadores do "sim" festejaram a chegada de 500 irlandeses que moram no exterior a Dublin para votar na consulta.
O primeiro-ministro Leo Varadkar, que é médico, fez campanha e votou no "sim". "Não vamos contar com nada garantido, mas estamos muito confiantes. Um grande comparecimento, como estamos vendo, favorece o 'sim'", disse na manhã desta sexta.
A campanha eleitoral tomou a atenção global devido ao debate sobre impressões sociais diferentes sobre aborto e igualdade de gênero. Partidos conservadores e a Igreja Católica capitanearam a campanha do "não", embora a reputação do clero tenha sido manchada pelos escândalos de abuso sexual de padres.
Também atraiu a atenção por ser uma das primeiras campanhas depois que empresas de tecnologia como Google, Facebook e Twitter admitiram as falhas em impedir notícias falsas anúncios.
O Google proibiu buscas relacionadas à consulta, enquanto o Facebook impediu a compra de anúncios de campanha por estrangeiros.
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