Descrição de chapéu Maurício Macri Argentina

Veto de Macri a lei aumenta tarifas e abre confronto com Congresso

'Tarifaço' havia sido rejeitado por congressistas em votação na madrugada

Sindicatos protestam contra "tarifaço" em Buenos Aires, na Argentina - Eitan Abramovich - 9.mai.2018/AFP
Sylvia Colombo
Bogotá

O presidente argentino, Mauricio Macri, vetou uma lei aprovada pelo Senado na última madrugada (31), que impediria um novo “tarifaço” —pacote de aumentos que atingirá as taxas de luz, gás e transporte em até 50%.

A sessão do Senado, de maioria peronista, aprovou a lei por 37 votos contra 30, por considerar que os aumentos vêm impactando demais no bolso dos trabalhadores, cujos sindicatos estão cada vez mais inquietos, e porque isso elevará ainda mais a taxa de inflação, que já está alta (23%).

Politicamente, foi o gesto de rebeldia mais forte do peronismo contra o governo desde que se iniciou o governo Macri, em 2015. Desde aquela época, os peronistas mais à esquerda (ou seja, o kirchnerismo) mantiveram-se na oposição.

Porém, o peronismo chamado “de direita”, não alinhado ao kirchnerismo, vinha dando apoio a Macri e ajudando a passar suas propostas. Essa trégua terminou.

A aprovação da lei representou a reunificação do peronismo contra o governo, pelo menos no Congresso, o que pode criar um ambiente de mais confronto entre o Executivo e o Legislativo a partir de agora.

O anúncio do veto presidencial foi dado na manhã desta quinta-feira (31), pelo chefe de gabinete, Marcos Peña.

“É uma lei irresponsável porque não tem fundamento e que custaria muito ao governo, pois não poderíamos mais continuar nossos planos em investir nas obras públicas e nas reformas que consideramos necessárias, afetaria nosso orçamento universitário e de segurança”, disse Peña.

Segundo Macri, a lei era “demagógica e um atentado contra as finanças públicas”.

Para tentar minimizar o clima de tensão, principalmente com relação à classe média, onde vem perdendo mais apoio, Macri divulgou mensagens nos últimos dias explicando a necessidade do “tarifaço”.

Numa delas, pediu que a população trocasse as lâmpadas tradicionais pelas LED, para economizar energia. Noutra, admitiu que “não temos mais esse dinheiro para manter os subsídios” —referindo-se ao benefício que perdurou durante o kirchnerismo (2003-2015).

Na mais polêmica, pediu que os peronistas agissem de forma racional e não se deixassem levar pelas “loucuras que Cristina Kirchner diz”. A declaração inflamou os kirchneristas, começando pela própria ex-presidente, que classificou o comentário de Macri de “machista”.

O aumento das taxas de serviços com o novo “tarifaço” será o quinto desde 2016. No período, a eletricidade aumentou 562%, a água, 338%, e o gás, 223%. A partir de sexta-feira (1º), a tarifa de ônibus passará a 10 pesos, 66% a mais do que era no começo deste ano.

Macri justifica os ajustes por conta do déficit fiscal do país, hoje em 5% do PIB. Para financiá-lo, vem endividando a Argentina, já havia pedido mais de US$ 50 bilhões em empréstimos no exterior, até que decidiu recorrer ao FMI.

O presidente insiste em que vem tentando não onerar os trabalhadores, mas os aumentos são muito impopulares, e os níveis de aprovação de sua gestão, que eram de 58% no ano passado, já estão em 35%.

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