Facebook identificou campanha para interferir em eleição nos EUA

Empresa informou que deletou 32 páginas e perfis, mas que não sabe quem está por trás de ação

São Paulo

Facebook identificou uma campanha coordenada em suas redes sociais para tentar interferir nas eleições legislativas marcadas para novembro nos EUA e deletou 32 páginas ou perfis falsos ligados ao caso, mas ainda não identificou os responsáveis pela ação.  

As informações foram inicialmente divulgadas pelo jornal americano The New York Times nesta terça-feira (31) e confirmadas em seguida pela própria empresa. 

"Este tipo de comportamento não é permitido no Facebook porque não queremos pessoas ou organizações criando uma rede de contas para enganar os outros sobre quem eles são ou o que estão fazendo", diz a nota da companhia.  

Segundo a rede social, foram apagados 17 perfis e 8 páginas do Facebook —que juntas possuíam 290 mil seguidores— além de 7 contas do Instagram (que pertence a empresa). A ação foi identificada a partir de uma investigação feita por especialistas da empresa com ajuda de inteligência artificial, disse Nathaniel Gleicher, diretor de cibersegurança do Facebook. 

O problema foi detectado há duas semanas e a ação para apagar contas e perfis foi feita na manhã desta terça, após o Facebook informar autoridades de segurança, incluindo o FBI (a polícia federal americana) , e outras empresas de tecnologia sobre o assunto.

O The New York Times afirmou que nos últimos dias representantes da empresa também se reuniram com deputados e senadores para tratar da questão.  

De acordo com a rede social, os autores da campanha tomaram uma série de cuidados para camuflar a origem das páginas e contas, o que dificulta a identificação dos responsáveis

O Facebook disse que encontrou alguns indícios de ligação entre as contas deletadas e a russa Agência de Pesquisa em Internet (IRA, da sigla em inglês), mas que ainda não tem informações suficientes para apontar o grupo como responsável pela ação.  

O IRA é suspeito de ter sido usado pelo governo de Vladimir Putin para ter tentado influenciar a eleição de 2016 a favor de Donald Trump e autoridades suspeitam que estaria tentando fazer o mesmo agora. 

O procurador especial Robert Mueller, que investiga a interferência de Moscou na eleição americana,   denunciou no início de julho 12 hackers russos por sua participação no caso de dois anos atrás.  

O jornal The New York Times disse que a nova ação tem como foco assuntos que podem causar divisão entre a população americana, como o aniversário de um ano da marcha feita por grupos racistas em Charlottesville e a campanha liderada por grupos de esquerda que defende o fim da agência de imigração e alfândega dos EUA. 

Entre os exemplos citados pela empresa de atividades das contas deletadas está um evento que convocava um protesto em Washington contra a realização de uma marcha em apoio ao ato de Charlottesville. 

Não está claro, porém, se as contas deletadas eram favoráveis ou contrárias ao protesto ou se pretendiam apenas ampliar o alcance do tema.

Também não há nenhuma informação que ligue a campanha de interferência descoberta nesta terça com a ação feita pelo Facebook na última quarta-feira (25) no Brasil, quando a empresa tirou do ar 196 páginas e 87 contas acusadas de espalharem conteúdo enganoso, a maior parte delas ligadas ao MBL (Movimento Brasil Livre). 

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