Crianças abusadas nos EUA eram treinadas para atacar escolas, diz Promotoria

Onze menores foram encontrados famintos e sujos em barracos no Novo México

Andrew Haytaos
Reuters

Cinco adultos acusados de abusar de 11 crianças mantidas em barracos no Novo México, onde elas foram encontradas maltrapilhas e famintas, estavam treinando essas crianças para usarem armas de fogo em escolas, disseram promotores a um tribunal americano.

O principal suspeito, Siraj Ibn Wahhaj, também foi acusado de sequestrar seu filho de 3 anos de sua casa em Atlanta em dezembro, o que deu origem a uma caçada humana pelo interior do país que levou as autoridades ao conjunto que invadiram na última sexta (4), ao norte de Taos, no Novo México (sudoeste dos EUA). 

Restos mortais de um menino que seria a criança desaparecida foram encontrados na propriedade na segunda-feira, dia em que completaria 4 anos, mas ainda não foram identificados, segundo as autoridades. As 11 crianças encontradas vivas, que têm entre 1 e 15 anos, foram colocadas sob custódia da Justiça.

Em uma audiência na quarta, Wahhaj e quatro acusados de cumplicidade, Lucas Morton e três mulheres que seriam as mães das 11 crianças, se declararam inocentes nas acusações de abuso. Morton também foi acusado de abrigar um fugitivo.

A Promotoria não mencionou o motivo nos documentos legais ou durante as audiências de quarta-feira (8). Em petições para prender os cinco sem direito a fiança, os promotores disseram que todos são considerados suspeitos da morte do menino.

Não foram feitas acusações sobre armas no caso, mas a promotoria disse que os réus são suspeitos de treinar as crianças "com armas em uma conspiração para cometer massacres em escolas".

Os promotores disseram que a denúncia de treinamento com armas se baseou em declarações de um pai adotivo provisório de uma das crianças. O delegado do condado de Taos, Jerry Hogrefe, referiu-se durante o fim de semana aos suspeitos como "extremistas de crença muçulmana", mas não comentou quando indagado  por repórteres.

As mulheres, que compareceram ao tribunal na quarta-feira com lençóis brancos sobre as cabeças, foram identificadas como Jany Leveille, Subhannah Wahhaj e Hujrah Wahhaj.

Um dos homens usava uma toalha sobre a cabeça no estilo de um turbante do Oriente Médio. Hogrefe disse na terça que investigadores encontraram uma cancha de tiro em uma extremidade do conjunto de barracos, perto da fronteira do Colorado.

O delegado disse que pediu um mandado de busca depois que uma mensagem de preocupação foi transmitida às autoridades da Geórgia e compartilhada com seu gabinete. Ele disse que o FBI também estava investigando.

Wahhaj, 39,  foi descrito como o chefe das instalações e estava fortemente armado quando foi preso. Segundo os autos do tribunal, as crianças foram encontradas em farrapos e pareciam estar sem comer havia dias, além de terem armas de fogo a seu alcance.

Aleksandar Kostich, um defensor público que representa os cinco adultos, disse que o fato de o texto a respeito do treinamento com armas ser idêntico nas cinco denúncias sugere que os promotores não tinham ainda certeza absoluta da informação que receberam.

Um homem que se identificou aos repórteres como Gerard Jabril Abdulwali, 64, de Alexandria, no Egito, e pai de Morton, esteve na audiência, durante a qual gritou "Allahu Akbar", ou "Deus é grande" em árabe. 

Ele disse aos repórteres mais tarde que estava nos EUA por motivos médicos e não tinha notícias do filho desde o ano passado, até que recebeu uma mensagem de texto de Morton na última quinta (2) dizendo que "estavam passando fome".

Abdulwali disse que seu filho e os outros suspeitos eram pacíficos. "Eles estavam pedindo a posse da terra e tentavam fundar uma comunidade pacífica, levar uma vida em paz longe da sociedade", disse. "Apenas seguiram na direção errada."

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves 
 

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