Corte de fundos pelos EUA é cruel e irresponsável, dizem palestinos

Governo Trump anunciou retirada de financiamento a agência da ONU para refugiados

Jerusalém e Gaza | AFP e Reuters

Autoridades palestinas condenaram neste sábado (1º) a decisão dos EUA de cortar praticamente todos os recursos destinados à UNRWA, a agência da ONU que ajuda os refugiados palestinos. O corte será de aproximadamente US$ 300 milhões (R$ 1,2 bilhão).

Nota oficial do Departamento de Estado americano diz que a operação da UNRWA, que atende mais de 5 milhões de pessoas em Gaza, na Cisjordânia, na Síria, na Jordânia e no Líbano, é “irremediavelmente fracassada”. 

Criança palestina come sementes de abóbora no campo de refugiados de Al-Shati, em Gaza - Mahmud Hams/AFP

O porta-voz do presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse que a decisão é um “ataque ostensivo contra o povo palestino”. 

Hanan Ashwrawi, um alto funcionário palestino, disse que o gesto “é cruel e irresponsável”. 

Em Gaza, o refugiado Nashat Abu El-Oun, pai de oito, disse que “a situação já é ruim e ficará pior. As pessoas não conseguem se sustentar e se forem incapazes de obter seu ganha pão, vão começar a pensar em coisas ilegais”. 

A Jordânia, que abriga mais de 2 milhões de refugiados palestinos, disse neste sábado que lamenta a decisão americana, argumentando que o fracasso do trabalho da agência vai apenas alimentar o radicalismo e impedir a paz no Oriente Médio.

"O fim do trabalho da UNRWA terá implicações humanitárias, políticas e de segurança extremamente perigosas para os refugiados e toda a região", afirmou o chanceler Ayman Safadi. "Isso apenas consolidará um ambiente de desespero que poderia criar terreno fértil para mais tensão. Politicamente, isso vai ferir a credibilidade dos esforços de paz."

Segundo Safadi, uma reunião na ONU no dia 27 de setembro irá tentar angariar apoio político e financeiro para a agência. 

"Vamos fazer todo o possível para garantir que a UNRWA obtenha os fundos de que precisa para continuar oferecendo seus serviços aos refugiados palestinos", afirmou. ​

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