O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse na quinta-feira (20) que 34 gerentes de supermercados foram presos sob acusação de esconderem alimentos e aumentarem abusivamente os preços, no mais recente ato repressivo do governo de esquerda contra o empresariado enquanto o país sofre um colapso econômico grave.
"Tivemos um grupo de supermercados que escondia os produtos das pessoas e começou a cobrar o que queria. Há 34 gerentes de grandes supermercados atrás das grades por violarem a lei", disse Maduro, muitas vezes revoltado, durante uma transmissão de uma hora na televisão estatal.
"Eu digo uma coisa e os supermercados vêm e dizem outra. Que desculpa eles têm para não seguir as regras?", questionou Maduro, estimulando os venezuelanos a se pronunciarem se virem preços injustos para evitar "serem roubados".
No mês passado Maduro prometeu um ressurgimento econômico para o país rico em petróleo, que é vítima de uma hiperinflação e da escassez de produtos básicos, ordenando que o salário mínimo fosse aumentado 60 vezes e desvalorizando a moeda em 96%.
O governo, mesmo carente de fundos, disse que cobrirá os salários nos três primeiros meses para que os negócios não aumentem os preços.
A mídia local noticiou que muitos dos gerentes presos trabalhavam na Central Madeirense, rede fundada cerca de 70 anos atrás por imigrantes portugueses. A empresa e o Ministério da Informação da Venezuela não responderam a pedidos de comentário.
Alguns donos de negócios, duvidando que o governo cobrirá os novos salários, tentaram equilibrar as contas elevando preços e demitindo funcionários, o que contribui para o êxodo em massa do país.
Economistas dizem que as reformas de Maduro não atacam os problemas centrais da Venezuela, que são os controles monetários e a criação excessiva de dinheiro, e podem inclusive desestabilizar a economia.
Mas Maduro adotou um tom otimista ao comentar as medidas, dizendo que o aumento dos salários ocorreu sem sobressaltos e que as autoridades não estão mais imprimindo dinheiro de forma insustentável.
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