O ex-primeiro-ministro espanhol, José Luis Zapatero (2004-11), ligou nesta sexta-feira (14) o êxodo de centenas de milhares de venezuelanos nos últimos meses ao efeito das sanções aplicadas pelos Estados Unidos contra o governo venezuelano.
“Consideremos momento da aplicação das sanções que bloquearam a Venezuela do Tesouro americano e vejam a relação que existe com o êxodo de tantos venezuelanos”, disse Zapatero, no seminário internacional Ameaças à democracia e a ordem multipolar, promovido pela Fundação Perseu Abramo.
“Devemos ser os mais críticos do mundo com o governo [do venezuelano Nicolás] Maduro, mas é uma injustiça tremenda que essas sanções econômicas estejam sendo pagas pelo povo”, disse Zapatero no seminário organizado pelo ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Zapatero já intermediou negociações fracassadas entre o regime de Maduro e a oposição na República Dominicana. O ex-chefe do governo espanhol foi observador nas eleições venezuelanas de 20 de maio, não reconhecidas por muitos países, entre eles o Brasil.
Ele criticou o fato de muitos países estarem pressionando o regime Maduro e disse ser contraproducente.
“Quando vejo um país com problemas, me aproximo com a ideia de ajudar, dar a mão, não de intervir, dar lições”, disse. “Eu me pergunto por que todas essas pessoas levantaram a voz com a Venezuela, mas ficaram em silêncio quando houve o impeachment no Brasil.”
Ele disse que há uma obsessão de muitas potências com a Venezuela. “Como a comunidade internacional, ocidental, decidiu buscar a implosão da Venezuela?”
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