Arábia Saudita autoriza buscas em consulado para investigar sumiço de jornalista

Crítico do governo que vivia na Turquia desapareceu em Istambul; Riad nega assassinato

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Ancara | AFP, Reuters e Associated Press

A Arábia Saudita autorizou os serviços de segurança turcos a fazerem buscas em seu consulado em Istambul para investigar o desaparecimento do jornalista saudita Jamal Khashoggi.

Crítico da monarquia saudita e colaborador do jornal americano The Washington Post, o repórter sumiu depois de entrar na representação diplomática no dia 2 para realizar trâmites burocráticos.

As autoridades turcas haviam pedido a entrada no prédio, que deve ser liberada pelos sauditas devido à Convenção de Viena de diplomacia, por considerar que o jornalista foi assassinado. O regime saudita nega e afirma que ele deixou o prédio.

O chanceler turco, Hami Aksoy, declarou que a investigação continua de forma intensa e que o prédio do consulado será inspecionado —a revista, porém, não havia ocorrido até a publicação deste texto.

Khashoggi, ex-editor de jornal e consultor do ex-chefe de inteligência de seu país, foi para a Turquia dizendo temer uma retaliação por suas crescentes críticas à política saudita na guerra do Iêmen e à repressão às divergências.

No dia 2, ele entrou no consulado saudita em Istambul para obter documentos para seu futuro casamento. Autoridades sauditas dizem que ele deixou o prédio pouco depois, mas sua noiva, que estava esperando do lado de fora, afirma que ele nunca saiu. 

A polícia anunciou que 15 sauditas entraram e saíram de Istambul no dia 2 e estiveram no consulado na mesma hora que o jornalista. O embaixador saudita foi convocado por Ancara no dia seguinte.

Membros da investigação afirmaram ao canal turco NTV que concentram suas análises em sete suspeitos filmados por câmeras de segurança entrando na representação saudita meia hora antes da chegada de Khashoggi.

Eles saíram três horas depois em dois carros. As imagens foram captadas pelas câmeras de segurança de lojas da vizinhança, já que Riad alega que as câmaras de seu prédio estavam quebradas no dia 2.

O Washington Post pediu aos EUA no último domingo (7) para "exigir respostas fortes e claras" da Arábia Saudita.

A porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, disse nesta terça que os EUA não têm informações sobre o que aconteceu no consulado. "Não queremos fazer nenhum julgamento a respeito".

Horas depois, o presidente Donald Trump anunciou que pretende falar com os sauditas, mas não deu detalhes. O Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU pediu uma investigação imparcial.

O comissário de liberdade de expressão da ONU, David Kaye, considera a investigação um dilema para os turcos. "Coloca-os na posição de manter as boas relações diplomáticas e lidar com uma investigação de alto nível."

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