O Orçamento com medidas de austeridade apresentado pelo governo de Mauricio Macri obteve a primeira aprovação na Câmara do Deputados da Argentina e passará agora ao Senado para a sanção definitiva.
A Câmara aprovou na madrugada desta quinta-feira (25) o projeto que inclui cortes importantes nos gastos públicos após uma sessão agitada de mais de 14 horas e que terminou com uma votação de 138 deputados a favor, 103 contra e oito abstenções.
"Estamos em uma crise e o governo deve assumir a responsabilidade. O estresse social e a recessão nos obrigam a sancionar a lei. Não ter Orçamento seria uma derrota para o país", disse o deputado governista Mario Negri no discurso de encerramento.
O Orçamento para 2019, último ano de governo de Macri contempla um corte de gastos de quase 400 bilhões de pesos (R$ 40 bilhões) em praticamente todas as áreas, com o objetivo de reduzir a zero o déficit fiscal primário que fechou 2017 em 3,9% do PIB.
A meta é parte do acordo concluído com o Fundo Monetário Internacional, que assegura um auxílio financeiro para a Argentina de US$ 57,1 bilhões até o primeiro trimestre de 2020.
Sindicatos e organizações sociais protestaram na quarta-feira (24) nas proximidades do Congresso para rejeitar o projeto de orçamento.
"Na Argentina, todos os programas de ajuste terminaram em crise, por que você não acha que o Titanic não vai afundar desta vez?", criticou o deputado Agustín Rossi, chefe do bloco Frente à Vitória da ex-presidente peronista de centro-esquerda Cristina Kirchner.
"Este é um Orçamento prejudicial para a Nação e não somos funcionários da sra. [Christine] Lagarde ou do presidente Macri, somos representantes do povo", acrescentou Rossi ao se referir à diretora do FMI.
A manifestação terminou com distúrbios que deixaram pelo menos 26 detidos. Dirigentes opositores denunciaram a presença de agentes infiltrados na confusão.
A Argentina enfrenta uma crise econômica que provocou uma desvalorização da moeda de 50% no decorrer do ano, assim como uma inflação projetada de mais de 40% para o fim de 2018 e uma queda da atividade econômica de 2,6%.
Para deter a corrida cambial no fim de abril que detonou a crise econômica, o governo de Macri fez um acordo com o FMI, organismo com o qual a Argentina havia praticamente encerrado sua relação após o default de 2001.
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