Descrição de chapéu Governo Trump

Caravana com 7.000 avança, e Trump anuncia corte de ajuda a centro-americanos

Presidente diz que grupo representa 'emergência nacional' e coloca militares em alerta

Caravana de imigrantes se move em estrada entre Ciudad Hidalgo e Tapachula, no México - Pedro Pardo - 21.out.18/AFP
 
Washington | Reuters e Associated Press

O presidente Donald Trump afirmou nesta segunda-feira (22) ter alertado o Exército e a Patrulha da Fronteira que uma caravana de imigrantes que está no México, indo em direção aos EUA, é uma "emergência nacional".

O republicano também prometeu começar a "cortar, ou reduzir substancialmente"  a verba destinadas para os países de origem da maioria dos migrantes —El Salvador, Honduras e Guatemala— algo que ele já tinha ameaçado fazer na sexta (19). 

Segundo o porta-voz adjunto da ONU, Farhan Aziz Haq, citando estimativas da Organização Internacional para as Migrações (OIM), o grupo já soma mais de 7.000 pessoas. A estimativa anterior era de até 4.000 participantes.

"A caravana inclui 7.233 pessoas, a maioria das quais tem a intenção de continuar sua marcha até o norte", afirmou Hag, assinalando a necessidade de que sejam "tratados com respeito e dignidade". 

Já Argelia Ramirez, porta-voz da caravana, estimou que o grupo tenha cerca de 10 mil pessoas e que 60% delas devem ficar no México. E ainda há mais pessoas que podem se juntar a caravana, que começou com 160 pessoas que se juntaram para fugir de Honduras e foi crescendo pelo o caminho. 

"Tem mais umas 500 pessoas vindo atrás de mim", disse o hondurenho José Anibal Rivera, 52, um guarda de segurança desempregado que cruzou a fronteira entre Guatemala e México na domingo (21) para se juntar a caravana.   

Nesta segunda o grupo deixou a cidade de Tapachula, na fronteira com a Guatemala, e começou a se dirigir Huixtla, 40 quilômetros ao norte.  ​

Mesmo assim, o grupo ainda está há cerca de 1.800 quilômetros em rota terrestre do ponto mais próximo da fronteira americana, no Texas. Caso a caravana decida seguir para a fronteira entre Tijuana e San Diego, ponto de entrada tradicional deste tipo de ação, a distância sobre para mais de 3.800 quilômetros.

Assim, não há previsão ainda de quando o grupo deve chegar aos EUA, mas até o momento os imigrantes já andaram cerca de 700 km desde que deixaram San Pedro Sula, em Honduras, no último dia 13.   

Na última caravana a fazer este trajeto, em maio, dos 1.200 migrantes que entraram no México apenas 200 chegaram a fronteira americana. Por isso, ainda é possível que parte da caravana se dissipe e decida ficar no México ou retornar para seus países antes de chegar aos Estados Unidos.

"Nós só queremos trabalhar, se uma vaga aparecer no México. Aceito fazer qualquer coisa, exceto ilegais", disse Ana Luisa España, uma faxineira de Chiquimula, Guatemala, que se juntou ao grupo quaando ele passou pelo país. 

O presidente americano tem criticado as autoridades mexicanas, que afirma não estarem fazendo o suficiente para conter o fluxo. 

"Tristemente, parece que a polícia e o Exército do México são incapazes de deter a caravana indo em direção à fronteira sul dos EUA", afirmou Trump em uma rede social. "Alertei a Patrulha da Fronteira e o Exército que isso é uma Emergência Nacional." 

O Pentágono, porém, afirmou que até o momento não há previsão de aumentar o número de militares na região da fronteira. 

"Guatemala, Honduras e El Salvador não foram capazes da tarefa de impedir as pessoas de deixarem seus países e virem ilegalmente para os EUA", acrescentou. "Vou agora começar a cortar, ou reduzir substancialmente, a ajuda internacional imensa que rotineiramente damos a eles."

Os três países receberam, em conjunto, mais de US$ 500 milhões (R$ 1,8 bilhão) em financiamento dos EUA no ano fiscal de 2017. Não ficou claro quanto disso Trump cortaria, mas a previsão de gasto para o próximo ano fiscal é 40% menor do que a de 2016, último ano da gestão Obama, de acordo com a agência Reuters. 

Trump também afirmou que existem pessoas de outros países no grupo. "Criminosos e pessoas do Oriente Médio não identificadas estão misturados [à caravana]", afirmou ele ainda. ​

Jornalistas da agência de notícias Associated Press que viajam com a caravana, porém, afirmaram que não encontraram ninguém proveniente do Oriente Médio. 

"Não há um único terrorista aqui", disse o hondurenho Denis Omar Contreras, um dos organizadores da caravana. "Nós somos pessoas de Honduras, El Salvador, Guatemala e Nicarágua. E até onde eu saiba não há terroristas nestes quatro governos, a não ser os corruptos do governo", afirmou ele, que pertence a organização Pessoas sem Fronteiras, que auxilia o grupo. 

Sob pressão dos EUA para que impeça a caravana de avançar, o governo do México pediu que os imigrantes se submetam ao processamento pelas autoridades de imigração na fronteira legal entre México e Guatemala, mas milhares decidiram seguir adiante. O grupo está caminhando há vários dias, a maioria vinda de Honduras.

"Queremos chegar aos EUA", disse  ao The New York Times Maria Irias Rodriguez, 17, de Tegucigalpa, Honduras, que viajava com um bebê de oito meses, o filho de 2 anos e o marido. "Se eles nos pararem agora, vamos voltar uma segunda vez."

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