Apreensões de imigrantes na fronteira atingem maior patamar do governo Trump

Índice cresceu 78% em novembro na comparação com mesmo mês de 2017

Quase 150 imigrantes da América Central em busca de asilo político nos EUA são detidos pela Patrulha de Fronteira americana depois de entrar no território do país ilegalmente, pelo Rio Grande, na fronteira com Ciudad Juarez, no México5625 - Herika Martinez-03.dez.2018/AFP
Júlia Zaremba
Washington

O número de apreensões de imigrantes na divisa sudoeste dos Estados Unidos com o México cresceu 78% em novembro em comparação com o mesmo mês do ano passado, atingindo o maior patamar desde que Donald Trump assumiu a presidência. 

Os agentes da Patrulha da Fronteira dos Estados Unidos detiveram 51.856 pessoas no último mês, ante 29.085 há um ano. O número segue trajetória de crescimento desde julho. 

A tendência dos últimos meses foi de aumento no número de menores desacompanhados e de famílias que chegam aos postos. A quantidade de crianças e adolescentes apreendidos sem os pais cresceu 33% em comparação com o ano anterior, chegando a 5.283. Não foi, contudo, a taxa mais alta de 2018: em maio, foram detidos 6.367. 

Já o número de pessoas que chegaram com a família quase quadruplicou, indo de 7.016 para 25.172 em 12 meses. 

A divulgação dos números ocorre enquanto Trump tenta pressionar o Congresso a aprovar US$ 5 bilhões (R$ 19,4 bilhões) para a construção de um muro na fronteira com o país vizinho, ameaçando não aprovar o orçamento federal caso a demanda não seja atendida. Os democratas, no entanto, só estão dispostos a direcionar US$ 1,6 bilhão para o projeto (R$ 6,2 bilhões). 

Ocorre ainda em meio à chegada de milhares de imigrantes da América Central à cidade fronteiriça de Tijuana, no México, na esperança de entrar nos Estados Unidos. Mais de 5.000 soldados americanos foram deslocados para a região com o objetivo de conter o fluxo de estrangeiros. 

O crescimento nos índices mostra que a cruzada do presidente contra imigrantes, uma das suas principais promessas de campanha, não tem desanimado as pessoas a buscar uma vida melhor nos Estados Unidos. 

Uma das medidas mais recentes para conter a entrada dos estrangeiros foi a emissão de uma ordem executiva (medida provisória) que busca limitar o número de asilados no país, assinada em novembro, que acabou bloqueada por um juiz federal até 19 de dezembro. 

Pela nova regra, com validade de 90 dias, só serão aceitas solicitações de asilo de pessoas que ingressarem no país por portas oficiais, como aeroportos (menores desacompanhados são exceção). 

A porta-voz do Departamento de Segurança Interna, Katie Waldman, afirmou que os dados mais recentes de apreensões "são o resultado previsível do falido sistema de imigração" do país que "usurpa a vontade do povo americano, que demandou repetidamente fronteiras seguras." 

Ela criticou a decisão do juiz de paralisar a ordem executiva do presidente. "O nosso país não pode arcar com políticas de migração em massa desmedidas e antidemocráticas escritas por juízes ativistas", disse. "Nós vamos continuar a pressionar o Congresso para ir em frente e resolver essas falhas legais."

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