Conheça livros que ajudaram a entender o mundo em 2018

Obras debatem crise na democracia, erros da esquerda, Trump, guerras, ciberataques e Coreia do Norte

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São Paulo

A crise nas democracias e a ascensão de líderes autoritários, a disseminação de "fake  news" e as dificuldades do governo de Donald  Trump nos EUA são alguns dos assuntos que marcaram o noticiário em 2018 —e também viraram temas de livros recentes.

Jornalistas e colunistas da Folha foram convidados a escolher quais dessas obras melhor explicam o mundo no ano que termina. 

O resultado é essa lista com  20 indicações, que compõe um mosaico de autores, gêneros e formatos e que trata de temas díspares, da corrupção na Argentina (“La Raíz de Todos Los Males”) à guerra às drogas (“Na Fissura”), passando pela ascensão de Vladimir Putin na Rússia (“Todos os Homens do Kremlin) e pelo caos na Casa Branca de Trump (“Medo” e “Fogo e Fúria”).  

A maioria tem versão em português e foi publicada em 2018, seja a edição original ou a brasileira. É o caso da já clássica dupla “Como as Democracias Morrem” e “Como a Democracia Chega ao Fim”. Já os erros da esquerda progressista que perdeu contato com a população são tema de "Listen, Liberal" (ouça, progressista), ainda inédito no Brasil.

Mas os temas vão além da política e incluem economia (“Crashed”), história (“38 Estrellas” e “A Era do Cometa”) e até um livro de memórias (“Minha História”).  

Há espaço ainda para a vida comum de pessoas que vivem no meio da guerra da Síria, em “No Turning Back”, e na ditadura norte-coreana em “A Acusação” —única ficção na lista. 

Como as Democracias Morrem, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt

A nostalgia do presidente eleito Jair Bolsonaro pela ditadura fez do livro a leitura obrigatória de 2018. Os autores passaram mais de 20 anos estudando fraturas nas democracias para concluir que, sim, ela está em perigo, inclusive nos EUA. (Clóvis Rossi)

Como a Democracia Chega ao Fim, de David Runciman

Ao analisar as formas de erosão da democracia no século 21, o cientista político britânico fornece pistas valiosas para entender os últimos anos, com a chegada de Donald Trump, do “brexit”, de Viktor Orbán e, porque não, de Jair Bolsonaro. (Guilherme Magalhães)

A Era do Cometa, de Daniel Schönpflug

Neste mosaico de testemunhos, o historiador alemão dá voz a diferentes pessoas, tanto famosas quanto anônimas, que viveram, no front e fora dele, o final da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), período de incertezas e ideias utópicas que guarda algumas semelhanças com os dias atuais. (GM)

A Morte da Verdade, de Michiko Kakutani

Em um livro curto e de fácil leitura, a crítica literária do The New York Times resume a evolução das chamadas guerras culturais nos EUA (e, em alguma medida, no mundo), até chegar ao panorama atual de “pós-verdade” encarnado pelo governo do republicano Donald Trump. (Paula Leite)

LikeWar: The Weaponization of Social Media, de P. W. Singer e Emerson T. Brooking

Livro mostra como as campanhas de desinformação nas redes sociais estão se tornando cada vez mais eficientes e onipresentes e deixa claro que muito pouco do que ocorre online hoje em dia é espontâneo. (Patrícia Campos Mello)

Medo: Trump na Casa Branca, de Bob Woodward

O repórter que revelou o escândalo de Watergate faz um retrato devastador do atual presidente dos EUA e mostra o caos reinante por trás dos tuítes de Donald Trump, com revelações saborosas dos bastidores, incluindo tentativas de integrantes da Casa Branca de salvar o governo de si mesmo. (PCM)

Fogo e fúria: Por dentro da Casa Branca de Trump, de Michael Wolff

Michael Wolff chegou antes de Bob Woodward à Casa Branca e teve mais acesso: seu relato da vitória e dos primeiros meses depois da posse do presidente Donald Trump são um painel muito fidedigno do que viria depois. (Sérgio Dávila)

How Fascism Works: The Politics of Us and Them, de Jason Stanley

O autor identifica Donald Trump como atual representante do fascismo e mostra como parte de suas práticas se aproxima das usadas na Alemanha de Hitler e na Itália de Mussolini, mas com toques de modernidade. (Danielle Brant)

Fascismo: Um Alerta, de Madeleine Albright

No ensaio, a primeira chanceler mulher dos EUA trata do fascismo impregnado à cultura Ocidental e de suas versões repaginadas que ganham espaço em lugares como a Europa Oriental e a Venezuela, traçando a genealogia do movimento. (Luciana Coelho)

Listen, Liberal: Or, What Ever Happened to the Party of the People?, de Thomas Frank

O livro soa atualíssimo ao mostrar como o discurso da elite progressista se descolou das necessidades da classe média e média-baixa, tomando os EUA de exemplo. Ao lado de Albright, traz uma explicação mordaz para o avanço do populismo. (LC)

No Turning Back: Life, Loss, and Hope in Wartime Syria, de Rania Abouzeid

A jornalista deixou de lado os fuzis e as bombas e acompanhou como a vida dos personagens —uma criança, um militante islamita e um poeta, entre outros— foi afetada pela guerra civil em curso na Síria,em um relato íntimo e corajoso. (Daniel Avelar)

La Raíz de Todos Los Males, de Hugo Alconada Mon

O jornalista examina o sistema de corrupção que existe na Argentina há décadas, com capítulos dedicados à política, à Justiça, ao jornalismo e aos empresários. Tudo isso é ilustrado com casos reais que vão do anedótico ao escandaloso. (Sylvia Colombo)

38 Estrellas, de Josefina Licitra

Conta a história de uma fuga coletiva de um grupo de mulheres militantes tupamaros de uma prisão de Montevidéu em 1971. Com relato dos sobreviventes, mostra o papel das mulheres na política da época e faz também um retrato da guerrilha, da qual fez parte o ex-presidente José “Pepe” Mujica. (SC)

Cyberwar: How Russian Hackers and Trolls Helped Elect a President - What We Don’t, Can’t, and Do Know, de Kathleen Hall Jamieson

Faz uma das mais detalhadas análises da ação russa na eleição presidencial de 2016 nos EUA para tentar responder se, afinal de contas, Moscou foi determinante na vitória de Trump. (Bruno Benevides)

A acusação: Histórias proibidas vindas da Coreia do Norte, de Bandi

Escrita com um pseudônimo e contrabandeada para fora da Coreia do Norte, a coletânea de contos traz um panorama de como é a vida no país, com histórias nas quais pessoas comuns têm suas vidas afetadas pelo regime autoritário. (BB)

Minha História, de Michelle Obama

Em seu livro de memórias, a ex-primeira dama conta a infância pobre em Chicago, a rotina de estudante dedicada, o despertar para a questão racial e a aventura política ao lado de Barack Obama, com quem formou o primeiro casal negro a ocupar a Casa Branca. (Fernanda Mena)

Mulheres e Poder: Um manifesto, de Mary Beard

A autora remonta a Grécia Antiga e a sua mitologia para evidenciar que a violência e o silenciamento das mulheres tem ao menos 3.000 anos e que elas ainda não encontraram voz própria nos círculos de poder, onde costumam se apresentar de maneira masculinizada. (FM)

Na Fissura, de Johann Hari

A partir de sua experiência pessoal e a de seu círculo próximo, o jornalista se lançou numa jornada de três anos de pesquisas, viagens ao redor do mundo e entrevistas com traficantes, usuários, políticos e pessoas afetadas pela guerra às drogas para traçar um panorama sinistro do proibicionismo. (FM)

Todos os Homens do Kremlin, de Mikhail Zygar

Fundamental para quem quer entender a Rússia atual e seu governo autocrático, a obra faz um relato político minucioso e vibrante sobre os movimentos do presidente Vladimir Putin, há quase 19 anos à frente do país, em seu processo de consolidação de poder. (Américo Martins)

Crashed: How a Decade of Financial Crisis Changed the World, de Adam Tooze

A primeira tentativa de uma interpretação sistêmica global da crise do capitalismo estabelece a relação entre o colapso do sistema financeiro, em 2008, e a ascensão de movimentos populistas pelo mundo. (Mathias Alencastro)

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