Jornal popular deixa de circular em meio a crise política na Nicarágua

Direção do Q'Hubo diz que acesso à matéria-prima foi dificultado

Manágua | AFP

O jornal popular nicaraguense Q’Hubo anunciou nesta sexta-feira (21) que deixará de circular na versão impressa temporariamente, diante de problemas de acesso à matéria-prima para impressão causados pela crise política no país.

“Devido a obstáculos externos que nos limitam o acesso a matérias-primas importadas, nos vemos obrigados a suspender de forma temporária a edição em papel", anunciou o Q'Hubo.

O jornal faz parte do mesmo grupo editorial do El Nuevo Diario, de circulação nacional, que há um mês deixou de circular em versão impressa aos fins de semana e já havia reduzido o número de páginas.

“Quando melhorarem as circunstâncias econômicas no país e nenhum fator de fora impeça nosso acesso às matérias-primas, esse jornal vai voltar a circular impresso nas ruas de todas as cidades", disse o Q'Hubo, em comunicado.

O jornal em formato tabloide surgiu em 2015. O site  continuará sendo atualizado. 

Desde abril, a Nicarágua vive uma onda de manifestações pela saída de Ortega e Murillo. A repressão aos manifestantes já deixou 325 mortos, incluindo uma brasileira, e ao menos 400 presos. 

Muitos dos detidos têm sido enquadrados em uma lei de combate ao terrorismo criada às pressas em julho e condenados a penas de até 25 anos.

Nos últimos 12 anos, o ex-líder sandinista se consolidou no poder por meio de alterações na Constituição, cassação de candidaturas, expulsão de políticos de oposição do Congresso e de uma eleição questionada que lhe deu, em 2016, o terceiro mandato.

Ortega, um ex-guerrilheiro que ajudou a derrotar a ditadura de Anastasio Somoza García em 1979, descartou adiantar para o próximo ano as eleições previstas para 2021, como pedido por bispos católicos que mediaram um fracassado diálogo entre o regime e a oposição.

Ele expulsou nesta quarta-feira (19) duas missões da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH),  ligada à OEA (Organização dos Estados Americanos), acusando-as de agir de forma "ingerencista" e parcial em sua avaliação das violações dos direitos humanos no país.

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