Putin tinha identidade da Stasi, a polícia secreta da Alemanha Oriental, diz jornal

Presidente russo trabalhou como agente da KGB na Alemanha nos anos 1980

Berlim | Associated Press e Reuters

Um jornal alemão diz ter encontrado uma identidade de Vladimir Putin como agente da Stasi, a polícia secreta da Alemanha Oriental.

O jornal Bild publicou a foto da identidade alemã de Putin, que foi um agente da KGB, a agência de inteligência da União Soviética, em Dresden, na Alemanha, nos anos 1980. Na época, o país era dividido entre uma faixa oriental, de controle dos soviéticos, e uma faixa ocidental, comandada pelos capitalistas.

O documento, encontrado nos arquivos de funcionários do escritório de Dresden da Stasi, está no mome de major Vladimir Putin, assinada e validada por selos de 1986 até o fim de 1989, quando a queda do Muro de Berlim pôs fim à divisão do país.

Konrad Felber, que chefia a equipe que supervisiona os arquivos, disse ao Bild que a identidade teria dado a Putin a permissão de entrar e sair dos escritórios da Stasi sem maiores problemas. O documento teria ainda facilitado o trabalho de Putin de recrutar agentes, já que o atual presidente russo não teria que dizer que trabalhava para o KGB. 

Vladimir Putin em foto dos anos 1980, quando era agente da KGB - Russian Look/Zuma Wire

Felber ressaltou, contudo, que o cartão, por si só, não é indicativo de que Putin trabalhou diretamente para a Stasi. 

Apesar da missão de Putin em Dresden ser conhecida, o presidente russo pouco divulgou sobre sua real função em Dresden, como, por exemplo, se chegou a vigiar dissidentes políticos da União Soviética.

O governo russo preferiu não confirmar ou negar a identidade. "Naqueles tempos, nos tempos de URSS, a KGB e a Stasi eram parceiras de serviço, e portanto uma troca de identidades não deve ser descartada", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, citado pelo jornal britânico Guardian.

Quando o Muro de Berlim caiu em 1989, Putin, que detinha o posto de major, disse que brandiu uma pistola para impedir que uma multidão enfurecida vasculhasse os escritórios da KGB em Dresden e roubasse seus arquivos, uma tática que funcionou.

Seu trabalho incluiu recrutar informantes e garantiu-lhe duas promoções.

Antes de partir da Alemanha, Putin disse que ele e outros agentes queimaram pilhas de arquivos secretos da KGB. Putin seguiu para o FSB da Rússia, a principal agência sucessora da KGB, antes de assumir a presidência em 2000. 

Fotos dos arquivos da Stasi evidenciam outros membros do alto escalão russo que trabalharam em Dresden ao lado de Putin, como o presidente da estatal de defesa Rostec, Sergey Chemezov, e da estatal de transporte Transneft, Nikolay Tokarev.

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