Explosão de carro-bomba deixa mortos e feridos em Bogotá

Ao menos 21 morreram e mais de 60 se feriram em ataque a academia de polícia na capital da Colômbia

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Especialistas trabalham na cena do ataque à escola de treinamento de policiais em Bogotá; janelas foram quebradas na explosão
Especialistas trabalham na cena do ataque à escola de treinamento de policiais em Bogotá; janelas foram quebradas na explosão - Juan Barreto/AFP
Bogotá | AFP e Reuters

A explosão de um veículo-bomba deixou ao menos 21 mortos e mais de 60 feridos nesta quinta-feira (17) em Bogotá, capital da Colômbia, em um ato classificado como terrorista pelo governo.

O ataque ocorreu dentro da Academia de Polícia General Santander às 9h30 locais (12h30 em Brasília), após uma cerimônia de promoção de oficiais. O veículo, uma SUV, continha 80 quilos de explosivos.

Até o momento, nenhum grupo reivindicou o atentado —o pior já ocorrido em Bogotá desde que um carro-bomba da guerrilha das Farc matou 36 pessoas em um clube em 2003.

O presidente colombiano Ivan Duque fala sobre o ataque ao lado da vice-presidente Marta Lucia Ramirez na escola de treinamento de policiais onde o carro explodiu
O presidente colombiano Ivan Duque fala sobre o ataque ao lado da vice-presidente Marta Lucia Ramirez na escola de treinamento de policiais onde o carro explodiu - Juan Barreto/AFP

Testemunhas relataram que um homem chegou na portaria da escola e, ao ser detido pelos controles de segurança, acelerou e jogou o veículo contra uma parede. 

Segundo a imprensa local, tudo indica que o motorista morreu, mas as autoridades não confirmaram essa informação.

O autor foi identificado pela Procuradoria como José Aldemar Rojas Rodríguez, mas não foi informado se ele está envolvido em algum grupo armado. A polícia investiga se ele teria vínculo com o ELN (Exército de Liberação Nacional).

Segundo as investigações, o veículo tinha placa do estado de Arauca, onde há uma forte atuação dos guerrilheiros do ELN —a última guerrilha do país após o desarmamento e a transformação em partido das Farc em 2017.

A imprensa colombiana afirma que Rodríguez não tinha antecedentes criminais e vivia em uma área na fronteira da Venezuela. De acordo com documentos, ele comprou a caminhonete usada no atentado em maio do ano passado.

O presidente da Colômbia, Iván Duque, que no momento do atentado estava em uma reunião sobre segurança na localidade de Quibdó, no oeste do país, retornou para Bogotá e fez um discurso no local.

"Dei ordens à Força Pública para que determine os autores desse ataque e os leve à justiça. Todos os colombianos rejeitamos o terrorismo e estamos unidos para enfrentá-lo", escreveu em suas redes sociais. "A Colômbia se entristece, mas não se dobra diante da violência."

Policiais que pediram anonimato afirmaram à AFP que o autor foi descoberto após um cachorro identificar os explosivos em seu carro. Ele teria acelerado, atropelando um policial, e durante a perseguição explodido o carro, acabando com a própria vida e a dos perseguidores. 

Imagens das TVs locais mostravam os restos de um carro incinerado.

Entre as provas usadas na investigação estão vídeos das câmeras de segurança e os rastros deixados pela explosão.

A Procuradoria ativou linhas telefônicas para obter informações sobre o atentado. 

Pessoas esperam por notícias do lado de fora do local onde ocorreu a explosão em Bogotá
Pessoas esperam por notícias do lado de fora do local onde ocorreu a explosão em Bogotá - Juan Barreto/AFP

Entre os mortos, há dois estrangeiros: uma cadete equatoriana e um panamenho. Outra equatoriana ficou ferida, informou o presidente do Equador Lenín Moreno.

"O brutal ato terrorista em Bogotá cobrou a vida de uma compatriota. Meus mais sinceros pêsames aos familiares, amigos e companheiros de Erika Chicó. Esperamos a rápida recuperação de Carolina Sanango, que sofreu ferimentos leves", escreveu Moreno em sua conta no Twitter.

Erika Chicó tinha 27 anos e estava no alojamento feminino da escola. A explosão ocorreu próxima ao edifício.

Os Estados Unidos ofereceram apoio à Colômbia na investigação e expressaram condolências pelo "repudiável" ataque e solidariedade para com os familiares das vítimas.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou uma nota condenando o atentado "nos mais fortes termos". "Ao reafirmar seu firme repúdio a todo ato de terrorismo, independentemente de sua motivação, o governo brasileiro presta suas condolências e solidariedade aos familiares das vítimas fatais, ao povo e ao governo da Colômbia, e faz votos de plena recuperação dos feridos", diz o texto. 

Em mensagem nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro também se manifestou e repudiou o ataque.

Ele disse que o governo brasileiro acompanha atentamente a investigação do atentado e prestou solidariedade às famílias das vítimas.“Estendo a mão ao presidente Iván Duque e reafirmo o compromisso do Brasil em combater duramente o terrorismo e o crime organizado. Conte conosco!”, escreveu.

Duque, que assumiu o poder em agosto de 2018, endureceu a política antidrogas no país e fixou condições para reativar os diálogos de paz com a guerrilha do ELN.

Com cerca de 8 milhões de habitantes, Bogotá foi afetada por ações esporádicas de terror em 2017. Em fevereiro daquele ano, o ​ELN assumiu um atentado contra uma patrulha policial que deixou um morto e vários feridos. No mesmo ano, um ataque em um centro comercial de Bogotá deixou três mortos e vários feridos. 

Os diálogos de paz entre o ELN e o governo estão em ponto morto desde agosto, após Duque exigir que a organização libertasse todos os sequestrados que estão em seu poder e parasse com as atividades criminais.

Os rebeldes consideram essas exigências "condições unilaterais inaceitáveis", já que com o governo do ex-presidente Juan Manuel Santos (2010-18) haviam combinado manter conversas em Cuba.

Cena de explosão de carro-bomba em academia militar em Bogotá, na Colômbia
Cena de explosão de carro-bomba em academia militar em Bogotá, na Colômbia - Polícia Nacional/Reprodução
 
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