Mulheres marcham nos EUA com fissuras internas e de olho em 2020

Milhares saíram às ruas neste sábado (19) para protestar contra o governo de Donald Trump

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Nova York e Washington | Reuters e AFP

Milhares de mulheres saíram às ruas em protesto contra o governo Donald Trump neste sábado (19) em centenas de cidades americanas, na véspera do segundo aniversário da posse do presidente.

É a terceira grande manifestação anual da Marcha das Mulheres, que em 2018 reuniu mais de 500 mil participantes no auge dos movimentos Time's Up e #MeToo, que têm feito barulho ao se contrapor ao assédio e à violência sexual.

 

Com os já tradicionais gorros rosa, a marcha deste ano ganha contornos de celebração e de plataforma política, já que vem na ressaca das eleições de meio de mandato de novembro, que elegeram ao Congresso um número recorde de mulheres (131) e está de olho na mobilização para o pleito do próximo ano, que, entre outros cargos, escolherá um novo (ou uma nova) presidente —ou reelegerá Trump, principal adversário das manifestantes.

"Com certeza agora há um foco enorme nas eleições de 2020", disse Natalie Sanchez, uma das organizadoras da marcha feminina em Boston. A senadora Kirsten Gillibrand, que lançou nesta semana sua candidatura para a indicação como presidenciável do Partido Democrata, esteve no protesto em Des Moines (Iowa) e afirmou que a marcha de 2017 foi um dos momentos políticos mais influentes de sua vida.

"Agora é hora de sair das margens. Nossa democracia só funciona quando pessoas como vocês se levantam e exigem isso", disse a senadora.

De fato, boa parte das congressistas recém-eleitas —que incluem a primeira muçulmana e a primeira indígena da história do Legislativo do país— citou a eleição presidencial de Trump como uma das razões pelas quais decidiram se candidatar. Quase todas as novatas eleitas são filiadas ao Partido Democrata.

"O movimento começou como uma manifestação contra Donald Trump, mas agora é mais para que sejam reconhecidos os problemas que as mulheres enfrentam no mundo", afirmou a manifestante Ann-Carolyn, de 27 anos, que protesta em Nova York.

Mas a unidade do movimento que se via em outros anos hoje dá lugar a uma série de fissuras. Acusações de antissemitismo contra algumas das líderes da Women's March, organização que surgiu do primeiro grande protesto, em 2017, levaram à criação de um outro grupo, March On, que fez passeatas paralelamente neste sábado em cidades como Nova York e Washington.

A controvérsia envolve Tamika Mallory, uma das organizadoras da marcha, e seus laços com Louis Farrakhan, líder do movimento Nação do Islã, que fez declarações polêmicas sobre judeus durante um evento. Mallory também criticou em redes sociais a Liga Anti-difamação, proeminente grupo na luta contra o antissemitismo.

As líderes do grupo original vêm tentando rebater as críticas em declarações e entrevistas recentes, mas tanto elas como as porta-vozes do March On têm dito que há espaço para todas no movimento e que divisões na liderança não o depreciam como um todo.

As marchas femininas também têm sido criticadas por serem pouco convidativas a mulheres conservadoras, que apoiam o governo Trump e se opõem à liberação do aborto. A Marcha pela Vida, também realizada anualmente por manifestantes anti-aborto, aconteceu em Washington na última sexta (18) e teve a presença do vice-presidente Mike Pence.

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