Relatório sobre massacre em Parkland sugere que professores sejam armados

Comissão aponta ainda falhas na atuação da polícia e da escola secundária Marjory Stoneman Douglas

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Miami | AFP

Informe de uma comissão que investiga o massacre que deixou 17 mortos no ano passado em uma escola em Parkland, na Flórida, recomendou que os professores sejam armados e que "áreas seguras" sejam designadas nas escolas para que as potenciais vítimas possam se esconder. 

O documento foi entregue ao parlamento estadual e ao governo da Flórida.

No texto, a comissão também denunciou a reação medíocre da polícia.

Em 14 de fevereiro, Nikolas Cruz abriu fogo na escola secundária Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, ao norte de Miami, deixando 17 mortos e 17 feridos com um fuzil AR-15. 

Um rascunho do informe da comissão divulgado na quarta-feira (2) detalhou minuto a minuto os passos de Cruz desde que chegou à escola e começou a disparar até 1h15 depois, quando foi capturado pela polícia ao tentar fugir fazendo-se passar por outro estudante. 

Segundo o documento, vários erros cometidos pela escola e pela política permitiram que Cruz percorresse os corredores disparando, entre eles a pouca segurança e a ausência de "esquinas dura" nas salas de aula.

"Esquinas duras" são lugares onde as pessoas podem se esconder sem que um agressor as veja através das janelas ou das portas. 

Apenas duas das 30 salas tinham "esquinas duras" assinaladas com fita adesiva no piso e muitas apresentavam nelas "escritórios, bibliotecas ou equipamentos de áudio e vídeo".

Por isso, "alguns estudantes se viram forçados a buscar refúgio em uma área visível para Cruz", diz o informe. "Alguns estudantes morreram em salas com esquinas duras obstruídas ou inacessíveis". ".

Além disso, as portas do edifício estavam abertas e sem vigilância e as dos salões só podiam ser trancadas por fora. A polícia tampouco tinha acesso à transmissão ao vivo das câmeras de segurança, o que fez com que demorasse a resposta policial e médica. 

A comissão sugeriu que um novo "programa de guardiães", que consiste em manter funcionários armados nas escolas, seja estendido a todos os empregados da instituição, entre eles os professores. 

 O programa, que faz parte de uma lei aprovada em março após o ataque, estabeleceu que os maestros poderiam ser armados se tivessem experiência militar ou como agentes da lei. Agora, a comissão propõe expandi-lo a todos os professores que desejem ter armas. 

A comissão também assinalou a "insatisfatória resposta dos corpos de segurança, que incluiu falhas no sistema de emergências 911 da cidade de Parkland e falhas no sistema de rádio da polícia do condado de Broward". 

Cita ainda "a inadequada política de resposta a ataques ativos por parte do escritório do governo de Broward e a abismal resposta do policial designado para a escola". A referência é ao policial escolar Scot Peterson, que abandonou o posto até que o massacre tivesse terminado.

O presidente Donald Trump o chamou de covarde, e ele renunciou pouco tempo depois.

Cruz está em uma prisão do condado de Broward à espera de julgamento. A promotoria pedirá a pena de morte por 17 assassinatos e 17 tentativas de assassinato. 

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