Descrição de chapéu Governo Trump

Em vitória democrata, Trump assina lei e encerra paralisação histórica nos EUA

Com isso, governo poderá reabrir; proposta não inclui verba para muro na fronteira com o México

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O presidente americano, Donald Trump, durante o discurso na Casa Branca em que anunciou o acordo
O presidente americano, Donald Trump, durante o discurso na Casa Branca em que anunciou o acordo - Brendan Smialowski/AFP
Nova York

No que pode ser considerada uma vitória democrata, o presidente Donald Trump assinou nesta sexta-feira (25) uma lei que permite financiar o governo federal até 15 de fevereiro e que não inclui recursos para a construção do muro que o republicano quer erguer na fronteira com o México.

A medida foi pactuada com lideranças democratas e anunciada no início da tarde pelo republicano.  “Chegamos a um acordo para reabrir o governo”, afirmou o presidente na tarde desta sexta, no jardim da Casa Branca.

O presidente lembrou que tinha a opção de declarar emergência nacional, “mas não quis usar desta vez”. “Espero que seja desnecessário”, afirmou.

No pronunciamento, ele agradeceu à população americana e afirmou que vai assegurar que os funcionários que trabalharam sem remuneração recebam seu pagamento.

Após o anúncio do acordo, Senado e Câmara se mobilizaram para aprovar a lei e enviar para assinatura do presidente, o que ocorreu na noite desta sexta.

A medida não inclui dinheiro para o muro que Trump quer construir na fronteira com o México. O republicano exige US$ 5,7 bilhões (R$ 21,5 bilhões) para a obra.

O muro foi justamente o motivo do impasse que provocou a mais longa paralisação parcial do governo americano, com 35 dias. O presidente se recusava a assinar qualquer medida que não tivesse dinheiro para a obra, e os democratas rejeitavam negociar o assunto enquanto o governo estivesse fechado.

Segundo o presidente, as negociações em torno do muro continuam pelas próximas três semanas. Se os dois lados não chegarem a um acordo "justo" sobre o financiamento à obra, Trump disse que o governo vai fechar novamente após 15 de fevereiro ou que ele pode usar os poderes que possui para declarar emergência nacional.

A medida, controversa, possivelmente seria questionada na Justiça. 

"Nenhum plano de segurança de fronteira pode funcionar sem uma barreira física. Simplesmente não funciona", afirmou o presidente, que, durante a campanha eleitoral, prometeu que o México pagaria pelo muro.

O líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, disse esperar que os democratas queiram negociar "de boa fé" nas próximas semanas.

"A única maneira de nossa fronteira ter segurança verdadeira é se democratas pararem de brincar de jogos partidários e se tornarem sérios sobre negociar com o presidente em um compromisso de longo prazo", disse. "Os próximos dias vão nos dizer se nossos colegas democratas estão realmente sérios sobre deixar nossa nação segura, se eles realmente queriam dizer o que disseram."

Para o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, o acordo reabre o governo sem condições pré-determinadas e dá aos dois partidos oportunidade de discutir segurança na fronteira sem manter "centenas de milhares de trabalhadores americanos reféns."

Nesta sexta, uma pesquisa do jornal The Washington Post com a emissora ABC News mostrou que a desaprovação pública do presidente subiu cinco pontos percentuais em três meses, para 58%, com a maioria dos americanos considerando Trump e os republicanos responsáveis pela paralisação.

A aprovação ficou em 37% —era de 40% antes das eleições de meio mandato presidencial, em novembro. Além disso, um em cinco americanos disse ter sido pessoalmente afetado pelo apagão.

A pesquisa mostrou ainda que 54% dos entrevistados desaprovavam a atuação da presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, durante o apagão –ainda assim, a desaprovação de Trump na questão foi de 60%.

Por causa da paralisação, 800 mil funcionários federais ficaram sem receber o segundo pagamento nesta sexta. Parques nacionais fecharam, e aeroportos tiveram transtornos por causa de agentes de segurança e controladores aéreos que faltaram ao trabalho.

Nesta sexta, a FAA (agência federal responsável pela aviação) afirmou que estava retardando o tráfego aéreo do aeroporto LaGuardia, em Nova York, por problemas com trabalhadores em unidades de Washington e Jacksonville, na Flórida.

Por causa das restrições ao LaGuardia, que opera voos domésticos, outros aeroportos registraram problemas, como o Newark, perto de Nova York, e o aeroporto internacional da Filadélfia.

Na quinta, o Senado barrou propostas de Trump e dos democratas para reabrir o governo, jogando por terra a possibilidade de encerrar a paralisação. O plano do republicano incluía medidas de proteção temporária a imigrantes ilegais nos EUA em troca de dinheiro para construção do muro que o republicano quer erguer na fronteira com o México.

A seguir, foi a vez da votação da medida dos democratas, já aprovada na Câmara dos Deputados, controlada pelo partido. O conjunto de leis financiaria o governo até 8 de fevereiro, mas sem recursos adicionais para a segurança na fronteira. O pacote foi rejeitado.

O apagão do governo forçou Trump a adiar o pronunciamento anual à nação, inicialmente marcado para o próximo dia 29. Ele tomou a decisão depois que a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, comunicou não ser possível que ele faça o discurso na Casa.

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