Descrição de chapéu Brexit

Sete parlamentares deixam Partido Trabalhista por defender novo referendo do brexit

Representantes também questionam falta de combate ao antissemitismo na legenda

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Os parlamentares Chris Leslie e Luciana Berger, que deixaram o Partido Trabalhista - Daniel Leal-Olivas/AFP
Londres | Reuters

Um grupo de sete parlamentares anunciou que deixará o Partido Trabalhista do Reino Unido, de oposição ao governo, por discordar da forma que a legenda tem lidado com as negociações para o brexit e pela falta de ações para combater comportamentos antissemitas. 

A saída reforça a frustração interna com a relutância do líder do partido, Jeremy Corbin, em mudar sua posição sobre o brexit e começar uma campanha por um novo referendo sobre a separação entre Reino Unido e União Europeia.

"Evidências da traição trabalhista à Europa estão visíveis para todos, como oferecer [apoio] para aprovar o brexit proposto por este governo e constantemente recuar da posição de permitir ao povo uma palavra final", disse o parlamentar Chris Leslie, um dos que se desligaram da legenda.

Até agora, Corbyn diz manter a opção de um segundo referendo "sobre a mesa" se o governo da primeira-ministra Theresa May não conseguir um acordo com Bruxelas que seja aceito pelo Parlamento

A ideia de um segundo referendo é um desafio para Corbyn. Enquanto muitos no partido defendem a proposta com fervor, outros querem apenas que o Reino Unido deixe a UE o mais rápido possível.

Um integrante do partido Trabalhista disse à agência Reuters que a saída do grupo pode gerar uma onda de mais desistências dentro da legenda.

A 39 dias do fim do prazo para a efetivação do brexit, divisões sobre a saída têm fragmentado a política britânica, que enfrenta rachas em partidos tradicionais.

"O Partido Trabalhista no qual entramos, fizemos campanha e acreditamos não é mais o Partido Trabalhista de hoje. Fizemos tudo o que podíamos para salvá-lo, mas ele foi sequestrado pela máquina política da extrema-esquerda", disse Leslie.

Os sete políticos que deixaram o partido são  Chuka Umunna, Luciana Berger, Chris Leslie, Angela Smith, Gavin Shuker, , Mike Gapes e Ann Coffey. Eles seguirão no Parlamento, como um grupo independente. 

Umunna é um dos líderes da campanha People's Vote, que pede um novo referendo para o brexit desde abril de 2018. 

Segundo o jornal The Guardian, trata-se da maior saída em bloco de membros do partido desde 1981, quando quatro parlamentares se retiraram e, em seguida, criaram o partido Social Democrata, dissolvido em 1988. 

Outra acusação feita pelo grupo de desistentes é que o partido não tem se esforçado para conter comportamentos antissemitas e racistas de seus integrantes. Corbyn se comprometeu a acabar com isso e negou que atos de preconceito contra judeus tenham tido uma alta nos últimos anos.

Corbyn é criticado pela demora do partido em punir casos de preconceito e críticas agressivas contra Israel em discursos e postagens em redes sociais. O próprio líder foi questionado por defender a permanência de um mural considerado antissemita em Londres, em um post no Facebook em 2012, que veio à tona no ano passado. 

Há também casos de outras formas de racismo. Em 2018, por exemplo, um representante disse que ninguém seria capaz de prestar atenção em um ministro escocês de origem islâmica por ele estar "dentro de sua burca".

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