New York Times deixa de publicar charges de opinião

Decisão teria sido motivada por polêmica em torno de charge considerada antissemita publicada em abril

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São Paulo

Um mês e meio depois de o jornal americano The New York Times publicar uma charge considerada antissemita em sua edição internacional, o veículo decidiu por fim à seção de charges editoriais.

A mudança foi revelada após Patrick Chappatte, um dos chargistas do jornal, publicar texto em seu blog criticando a decisão e o motivo por trás dela —segundo ele, a recente controvérsia em torno da charge que retratava o presidente americano Donald Trump cego usando um quipá e sendo guiado pelo primeiro-ministro de Israel, Biyamin Netanyahu, representado na forma de cão com uma coleira, na qual havia uma estrela de Davi. 

A charge foi feita pelo português António Moreira Antunes e publicada originalmente pelo Expresso, um jornal de Lisboa. Colocada à disposição da agência CartoonArts International, foi selecionada por um “editor de nível médio” antes de o jornal ser impresso.

À época, o New York Times publicou em sua conta no Twitter uma nota de retratação, afirmando que “lamentava profundamente” o ocorrido e que mudanças ”seriam feitas em termos de processos internos e treinamento”. 

Charge do artista português António Moreira Antunes considerada antissemita
Charge do artista português António Moreira Antunes considerada antissemita - Reprodução

"Temo que isso não seja só devido às charges, mas sim uma questão de jornalismo e de opinião de forma geral. Estamos em um mundo onde multidões moralistas se reúnem nas redes sociais e criam tempestades, que atingem as redações de forma arrasadora", escreveu Chappatte.

James Bennet, editor de opinião do New York Times, afirmou à rede CNN que a decisão foi tomada bem antes da polêmica. 

Ele destacou que a versão do jornal disponível para a maioria dos leitores —a vendida nos EUA— não tem charges. 

"Somos gratos a Patrick Chappatte e Heng Kim Song [chargistas] pelo trabalho que fizeram na edição internacional do New York Times, que é comercializada no exterior. No entanto, já faz mais de um ano que consideramos alinhar essa versão à nacional [dos EUA], eliminando as charges políticas a partir de 1º de julho."

Bennet também afirmou à emissora que o jornal continuará a investir em narrativas gráficas, incluindo tirinhas como "Welcome to the New World" (bem-vindo ao novo mundo), sobre uma família síria refugiada. A série recebeu o prêmio Pulitzer de charges editoriais de 2018 —o primeiro do New York Times na categoria.

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