Manifestantes de Hong Kong pedem desculpas após confronto em aeroporto

Atos levaram a cancelamento de voos durante dois dias

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Hong Kong e São Paulo | AFP

Manifestantes de Hong Kong pediram desculpas após um protesto no aeroporto da cidade terminar em confronto com policiais e levar ao cancelamento de voos por dois dias seguidos. 

"Nós pedimos desculpas por nosso comportamento, mas estávamos apenas muito assustados", afirmam em uma publicação em um canal usado pelos ativistas em redes sociais. "A nossa polícia nos atacou, o governo nos traiu, as instituições sociais nos decepcionaram. Por favor, nos ajude."

Pôster de protesto em Hong Kong
Post de ativistas de Hong Kong pede desculpas pela forma como agiram em protestos - Reprodução

"Por favor, aceitem nossas sinceras desculpas a todos os passageiros, repórteres e paramédicos", diz outro post. "Nós vamos aprender com nossos erros. Por favor, nos dê uma segunda chance para provar que podemos ser melhores."

Na manhã de quarta, o aeroporto, o oitavo terminal mais movimentado do mundo, voltou a operar com normalidade. A grande maioria dos manifestantes deixou o local.

Apenas uma dezena deles seguiram lá, sentados em uma área designada para protestos. Alguns deles seguravam cartazes. "O aeroporto é nossa última moeda de troca", afirmou um deles. 

Também nesta quarta, o governo da China voltou a criticar os protestos. "Condenamos com veemência atos de tipo terrorista", afirmou em um comunicado Xu Luying, porta-voz do Escritório de Assuntos de Hong Kong e Macau do governo chinês.

Os manifestantes agrediram na véspera dois cidadãos da China continental durante o protesto no aeroporto de Hong Kong, que suspendeu os voos na segunda (12) e terça-feira (13).

Com as acusações, Pequim relaciona as ações dos manifestantes pró-democracia ao "terrorismo" pela segunda vez nesta semana. O tom mais duro provoca o temor de uma repressão militar para sufocar um movimento iniciado há dez semanas.

O Escritório de Assuntos de Hong Kong e Macau afirmou na segunda-feira que os ataques de "manifestantes radicais" contra policiais representavam um "grave crime", com mostras dos "primeiros sinais de terrorismo".

O Diário do Povo e o Global Times, dois jornais estatais chineses, divulgaram imagens de blindados transportando tropas a caminho de Shenzhen, a poucos quilômetros de Hong Kong, no sul da China.

O presidente americano, Donald Trump, aumentou a preocupação com uma possível intervenção militar ao afirmar na terça-feira que o serviço de inteligência de seu país o informou sobre um deslocamento militar chinês na fronteira com Hong Kong.

As ações dos manifestantes representam o maior desafio à autoridade da China sobre Hong Kong desde sua devolução pelo Reino Unido em 1997.

As manifestações, que levaram milhões de pessoas às ruas, começaram com a oposição a um projeto de lei que permitiria extradições à China. O movimento, no entanto, tornou-se mais amplo, com uma pauta de defesa das liberdades democráticas e contra a influência de Pequim no território.

Depois de expressar suas exigências de forma pacífica em um primeiro momento, na terça-feira os ativistas adotaram técnicas mais agressivas, com barricadas organizadas com carrinhos de bagagem para bloquear os passageiros na área de embarque do aeroporto.

Durante a noite, a situação resultou em confrontos violentos com a polícia e brigas com passageiros desesperados para tomarem seus voos.

A imprensa registrou uma cena na qual um grupo de manifestantes agride um policial até que o agente saca a pistola e aponta para os ativistas.

Os manifestantes também agrediram dois homens que seriam espiões ou agentes disfarçados.

Um homem que usava um colete de imprensa, suspeito de ser um espião das forças de segurança chinesas, foi preso a um carro de bagagens e agredido por um pequeno grupo de manifestantes. O homem foi retirado do aeroporto em uma ambulância.

O jornal Global Times, publicação oficial do governo chinês em língua inglesa, de linha nacionalista, afirmou que o homem agredido era um de seus repórteres.

Em outro incidente, manifestantes cercaram um homem denunciado como um agente policial infiltrado.

Durante a retirada desta pessoa, a polícia usou gás de pimenta para abrir passagem entre os manifestantes que bloqueavam a viatura que escoltava a ambulância.

A chefe-executiva de Hong Kong, Carrie Lam, fez uma advertência na terça-feira sobre as perigosas consequências da escalada da violência.

"Reservem um tempo para refletir, olhem nossa cidade, nossa casa. Realmente querem levá-lá ao abismo?"

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