Ataque de drones afeta produção de petróleo da Arábia Saudita

EUA culpam Irã pela agressão, reivindicada pelos rebeldes houthis do Iêmen

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Dubai | Reuters

Um ataque com drones reivindicado por rebeldes houthis, do Iêmen, provocou incêndios em duas instalações petrolíferas da Arábia Saudita, neste sábado (14), levando a um corte de mais de metade da produção de petróleo do país.

A Arábia Saudita é o maior exportador de petróleo do mundo, e a redução do fornecimento deve causar grande aumento nos preços da commodity. 

A petrolífera estatal Saudi Aramco, dona das instalações, afirmou que os ataques levarão a um queda de 5,7 milhões de barris diários na produção do país, o que representa mais de 5% do fornecimento mundial de petróleo.

Para analistas, a redução deve durar poucos dias e poderá ser compensada pelos estoques acumulados pelos sauditas. Mesmo assim, a magnitude do corte no fornecimento pode desencadear alta de preços na segunda-feira (15).

Ainda que os houthis tenham assumido a autoria dos ataques, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, culpou exclusivamente o Irã.

"Teerã fez um ataque sem precedentes contra o fornecimento mundial de energia", afirmou. 

“Não existem provas de que os ataques vieram do Iêmen. Nós exortamos todas as nações a condenarem publicamente os ataques do Irã; os EUA vão trabalhar com seus aliados e parceiros para garantir que os mercados de energia continuem com fornecimento normal e que o Irã seja responsabilizado por sua agressão."

O governo americano questiona a versão de que os dez drones tenham sido lançados do Iêmen, porque os alvos sauditas estavam a mais de 500 quilômetros do território iemenita.

A Arábia Saudita comanda uma coalizão militar sunita para intervir no Iêmen, contra os rebeldes houthis, desde 2015.

Os sauditas culpam os xiitas iranianos por ataques anteriores e acusam o Irã de armar os rebeldes iemenitas.

Teerã nega a participação. O confito do Iêmen já levou a mais de 7.000 mortes, muitas causadas por ataques aéreos sauditas, usando armas americanas. 

"Esses ataques contra a infraestrutura colocam civis em risco e são inaceitáveis. Cedo ou tarde irão resultar na morte de inocentes", afirmou John Abizaid, embaixador dos Estados Unidos na Arábia Saudita, via sua conta no Twitter. 

O ministério do Interior da Arábia Saudita informou que "[às 22h de sexta, no horário de Brasília] as equipes de segurança da Aramco foram acionadas para intervir em incêndios em duas instalações em Abqaiq e Khurais", acrescentando que já estavam sob controle. 

Khurais possui um dos principais campos petrolíferos da estatal, enquanto Abqaiq é a principal sede da gigante do petróleo e tem sua maior refinaria, de acordo com o site da companhia. 

As tensões na região vêm se acirrando nos últimos meses, depois que os Estados Unidos deixaram o acordo nuclear com o Irã e impuseram mais sanções econômicas ao país. 

Os houthis também atacaram o campo de petróleo Shaybah, em agosto, e outras duas instalações, em maio. 

A coalizão saudita é apoiada pelo Ocidente e interveio no Iêmen pela primeira vez em 2014, em uma tentativa de restaurar o governo iemenita, internacionalmente reconhecido e deposto pelos houthis. 

O conflito no Iêmen é reconhecido como uma proto-guerra entre Irã e Arábia Saudita. Os houthis afirmam que estão combatendo um sistema corrupto.

Em meio a noite, uma bola de fogo ilumina o centro da paisagem e é pela própria luminosidade das chamas que se percebe as densas nuvens de fumaça indo em direção ao céu.
Incêndio na sede da Aramco, em Buqayq, na Arábia Saudita - 14.set.19/Reuters

O presidente Donald Trump conversou por telefone com o líder saudita, o príncipe regente Mohammed bin Salman, e afirmou estar pronto para ajudar o reino a garantir sua segurança. 

O príncipe bin Salman disse que Riad tem a capacidade e determinação para reagir a "este ataque terrorista".

Na manhã deste sábado (14), a coalizão saudita realizou dois ataques aéreos à província de Saada, território houthi ao norte do Iêmen, de acordo com uma testemunha.

A Al Masira, TV dos houthis, noticiou que os ataques tinham como alvo um acampamento militar ao norte da cidade. Horas após o ataque, fogo e fumaça ainda podiam ser vistos. 

"Um ataque bem-sucedido contra Abqaiq equivale ao mercado global de petróleo e a economia mundial sofrerem um enfarte fulminante", disse Bob McNally, que dirige o Rapidan Energy Group e era parte do Conselho de Segurança Nacional dos EUA durante a Guerra do Iraque, em 2003. 

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