Descrição de chapéu Brexit

Com presença de famosos, milhares protestam contra o brexit em Londres

Ato pede convocação de novo plebiscito para decidir sobre saída do país da União Europeia

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São Paulo e Londres | Reuters

Enquanto dentro do Parlamento britânico os deputados tentam aprovar um acordo para o brexit, do lado de fora milhares de pessoas participam de um ato que pede a convocação de um novo plebiscito sobre a saída do Reino Unido da União Europeia. 

As ruas do centro de Londres amanheceram cheias de manifestantes neste sábado (19). 

Com cartazes contra o governo do premiê Boris Johnson e bandeiras do bloco europeu, o grupo se concentrou no Park Lane, a algumas quadras da sede do Parlamento onde o futuro do país era debatido. 

Os atores britânicos Patrick Stewart ("X-Men" e "Star Trek") e Paul McGann ("Alien 3" e "Os Três Mosqueteiros") compareceram à manifestação. 

"Eu fico irritada que ninguém nos ouve", disse à agência Reuters Hannah Barton, 56, uma das manifestantes. “Isto é um desastre nacional esperando para acontecer e que vai destruir a economia”, ​completou. 

"O brexit se transformou em um culto", afirmou ao jornal Financial Times outra manifestante, Jane Fitzgerald. 

Muito dos participantes da marcha também levaram bonecos com uma caricatura de Boris ou usaram fantasias com alusão ao brexit. Um grupo, por exemplo, se fantasiou de frutas —estudos mostram que o fornecimento de frutas ao país pode ser afetado após o divórcio com a Europa. 

James McGrory, diretor da campanha People’s Vote (organizadora da Marcha), disse que o governo deveria ouvir o pedido dos manifestantes e que o único meio de conter a ira dos manifestantes contrários ao brexit é convocar uma nova consulta popular sobre o assunto.

O plebiscito original sobre o brexit aconteceu em junho de 2016 e terminou com vitória da saída do país do bloco europeu com 51,89% dos votos válidos. 

Desde o resultado, o Parlamento britânico tenta encontrar uma maneira de definir como este divórcio com a UE deve acontecer e, ao mesmo tempo, impedir os danos econômicos que a saída do bloco deve gerar. 

A diretora-geral do FMI (Fundo Monetário Internacional), Kristalina Georgieva, afirmou na quinta-feira (17) que um brexit sem um acordo entre Londres e Bruxelas pode custar entre 3,5% a 5% do PIB do Reino Unido e impactar em até 0,5% a economia da União Europeia. Mesmo se a separação ocorrer com um acordo, o PIB britânico seria afetado em 2%. 

É exatamente para decidir sobre a aprovação ou não do acordo que os parlamentares estão reunidos em uma sessão que ganhou o apelido de Super Sábado.

Os debates começaram às 9h30 locais (5h30 de Brasília) e ainda não há um horário definido para as votações. Mas se até às 23h locais não houver um acordo aprovado, Boris será obrigado a pedir uma adiamento do prazo para o brexit —atualmente marcado para 31 de outubro. 

Até o momento, a sessão tem sido marcada por troca de insultos e ironias entre os grupos a favor da aprovação do acordo e os contrários a ele. Conhecido pelos gritos de ordem, o presidente da Casa, John Bercow, se esgoelou pedindo que os deputados mantivessem a compostura. 

Um dos momentos de maior tensão aconteceu quando o secretário responsável pelo brexit, Stephen Barclay, mencionou a ex-deputada Mo Mowlam (1949-2005), líder histórica dos trabalhistas na Irlanda do Norte e uma das responsáveis pelo acordo de paz na região. 

“Como você ousa”, gritaram os trabalhistas, enquanto Barclay era obrigado a interromper seu discurso. 

Um dos maiores empecilhos para o brexit é a questão de como ficará a relação entre as vizinhas Irlanda do Norte (parte do Reino Unido) e a República da Irlanda (país independente e membro da União Europeia).

Outro momento de tensão aconteceu quando Michael Gove, um dos principais ministros do governo, se levantou para interromper o discurso do líder do Partido Nacional Escocês, Ian Blackford “Volte para seu lugar”, gritou um visivelmente irritado Bercow com o dedo em riste. 

“Hoje vocês terão que ouvir nossa voz”, caçoou o escocês com um sorriso no rosto enquanto Gove sentava novamente. 

Mas houve também um momento de descontração, graças a ex-primeira-ministra Theresa May, que viu o acordo que fez com a UE ser derrubado três vezes na Casa. “Tenho uma certa sensação de déjà vu”, disse ela ao defender o acordo. Governo e oposição assentiram com a cabeça. 

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