Partidos da oposição venezuelana expulsam deputados acusados de corrupção

Legisladores teriam defendido empresário ligado a Maduro; Guaidó anuncia investigação

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Caracas | AFP e Reuters

Partidos da oposição venezuelana expulsaram no domingo (1º) parlamentares que teriam defendido um empresário ligado ao ditador Nicolás Maduro.

Uma reportagem publicada no fim de semana pelo site Armando.Info apontava que nove deputados aliados de Juan Guaidó teriam cometido manobras em favor do colombiano Carlos Lizcano, vinculado ao programa de distribuição de alimentos subsidiados pelo regime de Maduro.

Após a publicação da reportagem, os partidos Primeiro Justiça, Vontade Popular e Um Novo Tempo —os principais da oposição— expulsaram de suas bancadas cinco deputados citados no texto. Os demais fazem parte de outras siglas.

Em uma rede social, Guaidó disse que a legislatura investigaria de maneira independente as denúncias, contando com a participação de ONGs e veículos de imprensa. Ele também afirmou que convidará os autores da reportagem a se apresentarem ao Parlamento durante a investigação.

O líder opositor Juan Guaidó fala para jornalistas durante entrevista coletiva em Caracas
O líder opositor Juan Guaidó fala para jornalistas durante entrevista coletiva em Caracas - Manaure Quintero/Reuters

Segundo o site, Lizcano teria conexões com outros dois colombianos, Alex Saab e seu sócio Álvaro Pulido, que estão sob sanções dos EUA por serem acusados de superfaturarem alimentos importados para os Comitês Locais de Abastecimento e Produção (Clap).

Os deputados opositores teriam escrito cartas de apoio a Lizcano, endereçadas ao Tesouro dos EUA e ao Ministério Público da Colômbia, para livrá-lo de responsabilidade nos crimes que teriam sido cometidos por Saab e Pulido.

Os dois também são acusados pela Justiça norte-americana de lavar dinheiro usando o programa de alimentos.

No sábado (30), em uma carta endereçada a Guaidó, o legislador Freddy Superlano renunciou à presidência da Comissão de Controladoria da Assembleia Nacional para "facilitar as investigações".

O programa Clap se tornou crucial para os venezuelanos que enfrentam a hiperinflação no país, cujo resultado é um salário mínimo tão desvalorizado que mal dá para comprar mantimentos de um dia.

O escândalo ocorre no momento em que os esforços da oposição para derrubar o regime de Maduro perdem força, e Guaidó, reconhecido por mais de 50 países como líder legítimo da Venezuela, se esforça para lançar uma nova onda de protestos de rua.

A popularidade do opositor está em queda, enquanto Maduro segue no poder com o apoio de parte da população, de militares e dos aliados Cuba, Rússia e China. Se não conseguir lidar com as denúncias, sua imagem pode se desgastar ainda mais.

Maduro defende o Clap como um esforço para ajudar o país a resistir às sanções econômicas impostas pelos EUA, que dificultaram as exportações de petróleo venezuelana e tornaram cada vez mais difícil importar bens básicos.

Mas o programa enfrenta acusações da oposição e de autoridades americanas de superfaturar as importações de alimentos.

Diosdado Cabello, número dois do regime chavista, escreveu em uma rede social que as lideranças da oposição "são uma sociedade de comerciantes políticos" e que "ninguém está limpo".

Guaidó terminará seu mandato à frente do Parlamento em 5 de janeiro. Embora existam acordos para sua continuidade, grupos minoritários criticam sua estratégia contra o chavismo e outros estão em negociações com Maduro.

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