Descrição de chapéu Governo Trump

Líder republicano no Senado diz não ter votos para evitar novas testemunhas

Afirmação durante reunião a portas fechadas foi revelada pelo New York Times

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Washington | Reuters

A pressão pela convocação de novas testemunhas no processo de impeachment de Donald Trump, decorrente das revelações do ex-assessor de Segurança Nacional John Bolton, parece ter funcionado.

Nesta terça (28), de acordo com o New York Times, Mitch McConnell, líder da maioria republicana no Senado, disse a colegas em uma reunião a portas fechadas não ter os votos necessários para bloquear a intimação de testemunhas, uma vez que alguns republicanos tendem a votar a favor das convocações.

Antes, congressistas republicanos propuseram que o manuscrito de Bolton fosse disponibilizado para os senadores de maneira secreta, ideia rejeitada por Chuck Schumer, líder da minoria democrata na Casa.

"Que proposta absurda. É um livro", disse ele a repórteres. Segundo o parlamentar, não há necessidade de que o manuscrito seja secreto, "a menos que você queira ocultar algo".

O advogado pessoal de Donald Trump, Jay Sekulow, durante entrevista coletiva em Washington
O advogado pessoal de Donald Trump, Jay Sekulow, durante entrevista coletiva em Washington - Mary F. Calvert/Reuters

No rascunho do livro, Bolton descreve o papel de Trump para pressionar a Ucrânia a investigar Joe Biden, um dos principais candidatos à nomeação democrata para enfrentá-lo nas eleições de novembro.

Trump teria dito ao ex-assessor que queria congelar US$ 391 milhões em ajuda militar a Kiev até que a Ucrânia abrisse as investigações contra o rival democrata e membros de sua família. O presidente americano nega que tenha dito isso ou que tenha negociado qualquer favor com o líder ucraniano.

O episódio com a Ucrânia está no centro das acusações de impeachment. Para os democratas, Trump abusou de seu poder ao congelar a verba —aprovada pelo Congresso para ajudar Kiev a combater os separatistas russos na Crimeia—, condicionando sua liberação a investigações que poderiam prejudicar seu oponente.

O advogado pessoal de Trump, Jay Sekulow, reforçou nesta terça ao Senado o que Alan Dershowitz, também membro do time de defesa, havia dito na segunda (27): mesmo se as afirmações de Bolton em seu livro forem verdadeiras, isto não seria motivo suficiente para afastar um presidente.

Sekulow também argumentou ao Senado que não se pode impichar um presidente com base em "alegações sem fontes", em referência ao fato de que o conteúdo do livro foi repassado ao New York Times por fontes anônimas.

Ele ainda questionou se um "manuscrito ainda não publicado" poderia ser usado como evidência. "Eu não sei como você chamaria aquilo. Eu chamaria de inadmissível." 

Além da questão com a Ucrânia, Bolton revela em "The Room Where It Happened" (a sala onde aconteceu) que informou no ano passado ao secretário de Justiça dos EUA, William Barr, que se preocupava com a possibilidade de Trump conceder favores pessoais aos líderes de Turquia e China.

Barr respondeu indicando duas investigações do Departamento de Justiça de empresas desses países e disse estar preocupado com o fato de o presidente ter criado a aparência de que tinha influência indevida sobre o que normalmente seriam inquéritos independentes.

O relato explosivo de Bolton foi incluído em versões preliminares de um manuscrito que ele circulou nas últimas semanas entre pessoas próximas. ​O ex-assessor enviou um rascunho à Casa Branca para ser submetido à revisão —um procedimento padrão no caso de livros escritos por atuais e antigos funcionários da administração. 

Há temores de que a Casa Branca possa se aproveitar do processo de revisão pré-publicação, que não tem prazo definido para ser concluída, para adiar, omitir trechos chave ou até mesmo impedir a publicação do livro.

​​Bolton foi demitido da Casa Branca em setembro do ano passado, por divergências sobre a forma de conduzir a política externa americana em relação a IrãCoreia do Norte e Afeganistão. O ex-assessor, porém, deu uma versão diferente, afirmando que ofereceu sua renúncia.

Ele era o principal representante no governo da chamada linha-dura, que defende uma atuação mais enfática de Washington contra adversários geopolíticos e não descarta o uso da força militar.

 
 
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