Em resposta a secretário, Trump afirma ter direito de interferir em casos criminais

William Barr disse que tuítes do presidente tornavam seu trabalho 'impossível'

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Washington | AFP e Reuters

Em resposta ao secretário de Justiça dos EUA, William Barr, que na quinta-feira (13) havia acusado Donald Trump de dificultar o trabalho do Departamento de Justiça, o presidente americano afirmou que tem "direito legal" de interferir em investigações criminais.

Em entrevista para o canal ABC, Barr afirmou que os tuítes de Trump tornaram "impossível" o trabalho do órgão e pediu ao presidente que parasse de tuitar sobre casos do departamento.

As declarações de Barr, visto como aliado leal de Trump, foram uma contestação pública inédita ao presidente entre os membros do gabinete do republicano.

O secretário, no entanto, acrescentou que Trump "nunca me pediu para fazer algo em um caso penal" específico.

Donald Trump durante encontro com o presidente equatoriano, Lenín Moreno - Tom Brenner -12.fev.2020/Reuters

Em um tuíte nesta sexta, Trump citou as palavras de Barr para emendar: "Isso não significa que eu não tenha, como presidente, o direito legal de fazê-lo. Eu o tenho, mas até agora decidi não fazer".

Trump enfrenta críticas de seus oponentes democratas, que o acusam de erodir a independência do sistema judiciário dos EUA em benefício próprio.

O secretário Barr, que acumula a posição de procurador-geral de Justiça, encontra-se sob crescente escrutínio desde terça-feira (11), quando quatro promotores que conduzem o processo contra Roger Stone, um amigo de longa data de Trump, renunciaram em meio a uma disputa sobre a duração de sua pena. 

Stone foi condenado por um júri em novembro por dificultar uma investigação do Congresso, manipulando testemunhas e obstruindo a investigação da Câmara dos Representantes sobre a existência de conluio entre a campanha de 2106 do então candidato republicano e a Rússia.

A reação de Trump é a mais recente de uma série de ações agressivas desde que o Senado o absolveu de acusações de impeachment na semana passada.

Desde então, o republicano demitiu ou transferiu funcionários do governo que testemunharam sobre seus esforços em pressionar a Ucrânia a investigar um possível rival político nas eleições presidenciais de novembro —o que causou a abertura do impeachment.

Fontes próximas ao presidente disseram que Trump tem uma maior sensação de liberdade após sua absolvição no Senado.

"Você tem que lembrar, ele não é 'do' governo. Ele fica frustrado quando as pessoas dizem que algo não pode ser feito. Ele diz 'apenas faça'", afirmou um funcionário do governo sob anonimato à agência Reuters.

Nesta sexta, após os tuítes de Trump, o Departamento de Justiça decidiu retirar a investigação criminal contra Andrew McCabe, ex-vice-diretor da polícia federal americana (FBI), sem apresentar queixas.

McCabe é visto pelo presidente como um de seus inimigos, por ter trabalhado no começo da investigação da interferência russa nas eleições presidenciais de 2016.

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