Número de mortos no pior massacre da história da Tailândia sobe para 29

Maioria das vítimas estava em shopping; militar estava revoltado com venda de casa

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Nakhon Ratchasima (Tailândia) | Reuters

Um soldado matou pelo menos 29 pessoas e feriu 57 em um massacre em quatro locais na cidade tailandesa de Nakhon Ratchasima, antes de ser morto pela polícia.

A maioria das vítimas foi morta no shopping Terminal 21, onde o atirador, munido com um fuzil e munição roubados de sua base militar, resistiu uma noite inteira ao cerco da polícia. 

O massacre começou às 15h de sábado (8), quando o soldado abriu fogo em uma casa. De lá ele foi para uma base militar e para o shopping, onde atirou em transeuntes enquanto entrava no local. 

O soldado, identificado como Jakrapanth Thomma, de 32 anos, foi morto por forças de segurança na madrugada de domingo (9), no subsolo do shopping. 

“Foi uma briga por causa da negociação de venda de uma casa”, disse o primeiro-ministro da Tailândia, Prayuth Chan-ocha.

De acordo com a polícia, o atirador se desentendeu com um parente de seu comandante devido à venda do imóvel. O comandante foi uma das vítimas.

Horas antes de o ataque ser iniciado, o militar tinha postado no Facebook críticas a “pessoas gananciosas que tiram vantagem dos outros”. “Eles acham que vão poder gastar o dinheiro no inferno?”

Depois de iniciado o ataque, ele escreveu na rede social: “A morte é inevitável para todos” e disse que estava com cãibras nos dedos. “Será que eu deveria desistir?” Depois disso, o Facebook bloqueou a conta dele. Foi o pior massacre da história da Tailândia.

Tailandeses em Bangcoc se reúnem em vigília por vítimas do massacre na cidade de Nakhon Ratchasima
Tailandeses em Bangcoc se reúnem em vigília por vítimas do massacre na cidade de Nakhon Ratchasima - Xinhua

O primeiro-ministro Prayuth, que fez parte da ditadura militar que governou a Tailândia, recebeu duras críticas por sua reação ao massacre.

Ao visitar a cena do crime, ele acenou, sorriu e fez um sinal de coração com os dedos. A hashtag #RIPPrayuth (rest in peace Prayuth, descanse em paz) estava entre os assuntos do momento no Twitter.

“Se você é bondoso como os tailandeses, deveria respeitar os parentes dos mortos de forma calma e pesarosa”, disse Jirayu Houngsub, um membro da oposição no Parlamento.

Em um necrotério em Nakhon Ratchasima, a família de Ratchanon Karnchanamethee, 13, soluçava durante a identificação de seu corpo.

“Ele é meu único filho. Ele ainda nem jantou”, disse seu pai, Natthawut Karnchanamethee. “Eu o deixava fazer o que quisesse, só queria que fosse uma pessoa boa.”

Ajudadas por policiais e soldados, centenas de pessoas fugiram do shopping durante o cerco de 12 horas.

Agachados ou rastejando, eles escaparam em pequenos grupos, exaustos e atordoados. “Foi muito assustador, porque dava para escutar os tiros. Esperamos muitas horas até a polícia chegar”, disse Suvanarat Jirattanasakul, 27, com a voz trêmula. 

Um outro sobrevivente disse à TV Amarin que o atirador estava mirando a cabeça das pessoas e que um colega morreu no local. Imagens do circuito interno de TV do shopping mostram o atirador vestido de preto e usando uma máscara, com a arma pendurada em seu ombro. 

O soldado servia em uma base a 250 quilômetros da capital tailandesa, Bancoc. Era um atirador exímio e participou de vários cursos sobre como fazer emboscadas.

Ele roubou a arma e as munições usadas no massacre do depósito da base militar onde servia. “Ele atacou um guarda do depósito de armas, que morreu depois, e roubou um jipe oficial, um fuzil HK33 e munição”, disse o comandante militar Thanya Kiatsarn.

No domingo (9), milhares de pessoas com velas participaram de uma vigília na cidade. Monges fizeram orações e as pessoas depositaram flores brancas em uma estátua de uma heroína local, Thao Suranari.

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