Morre Pérez de Cuéllar, único latino americano a ser secretário-geral da ONU

Peruano chefiou entidade por dois mandatos, entre 1982 e 1991

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Lima | AFP

O diplomata peruano Javier Pérez de Cuéllar, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) de 1982 a 1991, morreu nesta quarta-feira (4) em sua casa em Lima devido a complicações de saúde.

Único latino-americano a comandar a entidade, Pérez de Cuéllar tinha 100 anos.

"Meu pai faleceu após uma semana complicada, morreu às 20h09 [de Lima, 22h09 de Brasília] e descansa em paz", disse o filho Francisco Pérez de Cuéllar à rádio RPP.

Javier Pérez de Cuellar, en Bonn, na Alemanha, em março de 1983, quando era o secretário-geral da ONU - Zumapress/Imago/Xinhua

O presidente peruano, Martín Vizcarra, lamentou o falecimento de Pérez de Cuéllar e afirmou que ele foi um "símbolo peruano, democrata completo, que dedicou sua vida inteira ao trabalho para engrandecer nosso país".

O atual secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que está profundamente entristecido com a morte e expressou condolências à "família, ao povo peruano e a tantos outros ao redor do mundo cujas vidas foram tocadas por este notável e compassivo líder mundial".

Nascido em Lima em 1920, advogado e diplomata de carreira, Pérez de Cuéllar foi o quinto secretário-geral das Nações Unidas, entre janeiro de 1982 e dezembro de 1991.

No Peru, foi primeiro-ministro e chanceler durante o governo de transição de Valentín Paniagua, entre 22 de novembro de 2000 e 28 de julho de 2001.

Candidato à Presidência em 1995, perdeu para o populista Alberto Fujimori, que acabou reeleito. Depois da eleição, Pérez de Cuéllar se mudou para Paris.

Ele retornou ao país depois da queda de Fujimori, em novembro de 2000, e colaborou com Paniagua no governo de transição que comandou o país durante oito meses.

Antes havia sido embaixador do Peru na União Soviética, França, Polônia e Suíça. Também foi representante do país na Unesco e chegou a trabalhar na embaixada peruana em Brasília.  

Em nota, o Itamaraty também lamentou a morte do diplomata.

A ONU saudou o ex-secretário no dia 19 de janeiro, quando ele completou 100 anos.

Na ocasião, Guterres escreveu no Twitter: "É com enorme orgulho e alegria que celebramos seu centenário (...). Muitas vezes refleti sobre seu exemplo e sua experiência em busca de inspiração e orientação".

No comunicado divulgado na quarta-feira, Guterres destacou que seu antecessor foi "um estadista consumado e um diplomata comprometido, cuja vida durou não apenas um século, mas toda a história das Nações Unidas, desde sua participação na primeira reunião da Assembleia-Geral, em 1946".

A nota afirma que ele deixou um impacto profundo tanto na ONU quanto no mundo, com uma gestão à frente da organização que coincidiu com o fim da Guerra Fria, quando as Nações Unidas "começaram a desempenhar completamente o papel idealizado por seus fundadores".

Também recorda que o peruano teve um "papel crucial em uma série de sucessos diplomáticos, incluindo a independência da Namíbia, o fim da guerra Irã-Iraque, a libertação dos reféns americanos no Líbano, o acordo de paz na Colômbia e, nos seus últimos dias de gestão, um acordo de paz histórico em El Salvador".

​O funeral será realizado na sexta-feira (6) no Palácio de Torre Tagle, sede da diplomacia peruana, com honras oficiais.

Pérez de Cuéllar foi casado duas vezes, primeiro com a francesa Yvette Roberts e depois com a peruana Marcela Temple Seminario, ambas já mortas.

Em seu primeiro casamento, ele teve os filhos Francisco (1947) e Águeda (1955)

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