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Após ameaças, conselheiro de Trump para coronavírus tem segurança reforçada

Anthony Fauci aparece junto com presidente em entrevistas coletivas sobre Covid-19

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Michael D. Shear Katie Benner
Washington | The New York Times

O doutor Anthony Fauci, principal especialista em doenças infecciosas nos Estados Unidos, que se tornou frequentador habitual das entrevistas coletivas do presidente Donald Trump sobre o coronavírus, terá sua segurança pessoal reforçada depois de receber ameaças por seus diversos apelos para que os americanos ajudem a conter a propagação da pandemia mortal, disseram autoridades na quarta-feira (1º).

Fauci tem sido o defensor mais franco no governo Trump das regras de distanciamento social que fecharam as escolas do país, obrigaram as empresas a fechar, mantiveram as pessoas em casa e abalaram a economia dos EUA.

Isso o transformou num alvo de teóricos da conspiração online que acusam Fauci, um antigo cientista e funcionário público que serviu a presidentes de ambos os partidos, de tentar prejudicar Trump num ano em que o presidente luta pela reeleição.

Anthony Fauci, principal especialista em doenças infecciosas nos Estados Unidos, durante entrevista coletiva na Casa Branca - Al Drago - 29.mar.20/Reuters

O Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS na sigla em inglês) concedeu a segurança pessoal reforçada a Fauci, 79, depois que o Departamento de Justiça rejeitou um pedido de designar mais agentes para a proteção dele, disseram autoridades. Alex Azar, o secretário de Saúde e Serviços Humanos, ficou preocupado com o aumento das ameaças contra o médico à medida que o país adotava uma quarentena ampliada em reação ao coronavírus.

"Ontem, por recomendação do Serviço de Delegados dos EUA, o departamento aprovou o pedido especial de nomeação do HHS para que nove agentes especiais do HHS-OIG forneçam serviços de proteção ao doutor Fauci", disse o Departamento de Justiça em comunicado, referindo-se ao Escritório do Inspetor Geral do Departamento de Saúde.

Caitlin Oakley, porta-voz do Departamento de Saúde, não confirmou o reforço na segurança de Fauci, mas o chamou de "parte integrante da resposta do governo dos EUA contra a Covid-19", referindo-se à doença causada pelo coronavírus.

"Entre outras iniciativas", acrescentou ela, "ele lidera o desenvolvimento de uma vacina para a Covid-19 e participa regularmente dos briefings à imprensa na Casa Branca e de entrevistas na mídia".

O coronavírus poderá matar de 100 mil a mais de 200 mil americanos nas próximas semanas.

Fauci, juntamente com uma colega da força-tarefa, a doutora Deborah L. Birx, incentivou Trump a prorrogar o período que o país permanecerá confinado até o final deste mês. Alguns estados, como a Virgínia, emitiram ordens de permanência em casa que só expiram na primavera.

A ideia de que Fauci é responsável pelas dificuldades do país —e por qualquer dano político que Trump possa sofrer em consequência disso— foi alimentada em parte por um momento durante uma entrevista coletiva em que Fauci baixou a cabeça e tocou a testa enquanto o presidente falava. A imagem viralizou ​online, e os apoiadores de direita de Trump a citaram como evidência de que Fauci procurava minar o presidente.

Fauci foi alvo de alguns apoiadores do presidente, embora o próprio Trump tenha elogiado o médico. Durante o briefing de quarta-feira, quando um repórter perguntou sobre a segurança pessoal de Fauci, o presidente disse: "Ele não precisa de segurança. Todo mundo o ama".

De fato, Fauci recebeu aplausos de muitos especialistas médicos e autoridades de saúde pública por sua avaliação muitas vezes sombria das ameaças que os EUA enfrentam contra o coronavírus —às vezes até contradizendo a perspectiva mais positiva do presidente.

Há semanas, os comentários de Fauci na televisão e na Casa Branca contrastam fortemente com as opiniões dos mais firmes apoiadores de Trump na Fox News, cujos principais apresentadores afirmaram repetidamente que os democratas, a mídia e os especialistas em saúde pública estão inflando a ameaça do vírus.

Nos últimos dias, o presidente adotou em geral os avisos mais duros de Fauci sobre os riscos do vírus, que se espalha rapidamente. Na terça-feira (31), Trump chamou isso de "um grande julgamento nacional, diferente de qualquer outro que já enfrentamos" e repetiu as palavras de Fauci sobre a necessidade de minimizar sua disseminação.

"É uma questão de vida ou morte, francamente", disse Trump, numa avaliação sóbria das consequências da pandemia. "É uma questão de vida ou morte."

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves 

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