Após rejeitar o protocolo médico que prescreve o uso da cloroquina como uma terapia viável para a Covid-19, o presidente francês, Emmanuel Macron, voltou atrás e decidiu se encontrar nesta quinta-feira (9) com o professor Didier Raoult, que coordena um centro de pesquisas e tratamento que vem obtendo bons resultados com o medicamento.
Macron chegou nesta quinta-feira à tarde em Marselha (Sul) para se encontrar com Raoult e fazer um balanço dos tratamentos contra o coronavírus, informou o Palácio do Eliseu.
O chefe de Estado foi recebido por volta das 15h45 (10h45 no horário de Brasília) no Instituto Hospitalar-Universitário (IHU) do Mediterrâneo por Raoult, defensor de um polêmico tratamento contra a Covid-19 usando pesquisas derivadas da cloroquina.
O médico tem o apoio de diversas figuras políticas da França, como Christian Estrosi, ex-prefeito da cidade de Nice (Sul), curado após fazer uso da terapia defendida pelo professor.
A viagem de Macron, que não havia sido anunciada à imprensa nem à população, acontece sem a presença de jornalistas, no mesmo formato realizado pela manhã pelo presidente francês no hospital Kremlin-Bicêtre (Val-de-Marne), para conversar com as equipes hospitalares universitárias envolvidas no processo de pesquisas clínicas sobre o coronavírus.
Essas visitas fazem parte das consultas realizadas por Macron antes do discurso televisionado que ele planeja fazer na noite da próxima segunda-feira (13), em particular para confirmar a extensão do prazo de confinamento na França.
O Palácio do Eliseu explicou na quarta-feira (8) que o presidente iria, antes do pronunciamento aos franceses, "consultar um grande número de atores públicos e privados, franceses, europeus e internacionais", para trocar ideias sobre os principais assuntos relacionados à Covid-19 e preparar as decisões a serem anunciadas aos franceses na segunda-feira.
Uma das principais personalidades desta crise da Covid-19 na França, Raoult publicou dois estudos sobre a hidroxicloroquina (derivado da cloroquina, um medicamento usado contra a malária) que comprovariam a eficácia desse tratamento contra o coronavírus. Mas muitos cientistas acham impossível chegar a essa conclusão com base apenas nesses estudos, devido ao protocolo com que são desenvolvidos.
O professor Raoult é apoiado por um certo número de políticos, incluindo Bruno Retailleau, líder no Senado e membro do partido Os Republicanos, que reagiu em um tuíte a partir do anúncio da visita de Macron, dizendo esperar que o presidente "acelere o processo de reconhecimento do tratamento com cloroquina contra o vírus".
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