Promotores americanos indiciaram na sexta-feira (24) 18 manifestantes de Portland, acusados de agredir policiais e incendiar e invadir propriedades. Os ativistas haviam sido detidos durante confrontos contra as forças policiais federais enviadas à cidade, palco de protestos contra o racismo há 56 dias seguidos.
As forças federais foram criticadas por políticos democratas e entidades de direitos civis, que afirmam haver uso excessivo da força e abuso do governo federal, liderado pelo presidente Donald Trump.
Na quinta (23), o governo aumentou o efetivo de forças especiais em Seattle, para lidar com protestos do fim de semana –apesar das objeções da prefeita de Seattle e do governador do estado de Washington, que advertiram para a possibilidade de as tensões aumentarem, como ocorreu em Portland.
O envio de agentes federais é alvo de questionamento do inspetor-geral do Departamento de Justiça, que abriu investigação sobre uso de força excessiva pelos policiais, e levou um juiz federal a baixar uma liminar limitando o uso da força e proibindo os agentes de prenderem jornalistas e observadores.
O procurador federal responsável pelo distrito Ocidental de Washington, Brian Moran, disse em nota que os agentes federais estão posicionados em Seattle para proteger propriedades do governo federal e o trabalho realizado dentro desses locais.
"Não podemos deixar que a violência que manchou os protestos de Portland prejudique movimentos pacíficos aqui em Seattle, por uma sociedade mais justa”, disse Moran.
“Minha esperança é que a nossa comunidade se una para desencorajar aqueles que querem se apoderar de protestos pacíficos e fazer depredações.”
O governo Trump também enviou a polícia federal para Chicago, Kansas City e Albuquerque, apesar da objeção dos prefeitos dessas cidades.
O republicano, que concorre à reeleição em 3 de novembro com um discurso de “lei e ordem”, ameaça enviar mais forças federais para cidades governadas por prefeitos democratas, que ele acusa de não combaterem o crime.
As forças empregadas em Portland lançaram gás lacrimogêneo contra manifestantes do movimento Black Lives Matter na manhã de sexta-feira (24).
“Deixei claro para o secretário interino [da Segurança Interna] Chad Wolf que o uso dessas forças em Seattle, do modo como vimos em Portland, vai comprometer a segurança e romper os laços de confiança da comunidade”, disse Jenny Durkan, prefeita de Seattle.
O governador de Washington, Jay Inslee, disse que os agentes federais podem “piorar as coisas, jogar gasolina no fogo”.
Portland é palco de quase dois meses de demonstrações diárias por igualdade racial e contra violência policial, parte de um movimento que se espalhou pelos EUA desde 25 de maio, quando George Floyd, um homem negro, morreu sufocado ao ter o pescoço prensado pelo joelho de um policial branco, em Minneapolis.
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