Relação com Brasil não é diferente quando se trata de restrição de viagens, diz secretário de Estado dos EUA

Para Mike Pompeo, decisões serão tomadas 'com base na ciência e na razão, não na política'

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Washington

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou nesta quarta-feira (8) que a relação dos EUA com o Brasil não é diferente da estabelecida com nenhum outro país quando o assunto é restrição de viagens.

Segundo Pompeo, as decisões do governo americano sobre reabertura de fronteiras serão tomadas “com base na ciência e na razão, e não na política”.

“O relacionamento com o Brasil não é diferente do que o com qualquer outro país. Estamos implementando um conjunto de métricas que determinarão quando é apropriado e seguro para o povo americano permitir que as viagens venham de outros países”, disse o secretário a um grupo de jornalistas.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, se dirige a jornalistas durante coletiva de imprensa, nesta quarta (8), em Washington - Tom Brenner - 08.jul.2020/AFP

No mês passado, os EUA vetaram a entrada de brasileiros e passageiros que haviam estado no Brasil nos 14 dias anteriores, como medida para tentar conter o avanço do coronavírus. EUA e Brasil são hoje os líderes no mundo em números de casos e mortes por Covid-19.

Questionado pela Folha se o Brasil precisaria alcançar um número mínimo de casos e vítimas para que os EUA reabram as fronteiras ao país, Pompeo preferiu não estabelecer metas e disse que as situações serão analisadas caso a caso.

“Avaliaremos cada país separadamente e tomaremos decisões informadas com base na ciência e na razão, não na política. Nós vamos acertar. Vamos garantir que façamos tudo o que pudermos para abrir novamente nossa economia o mais rápido possível. Queremos que as viagens internacionais sejam retomadas o mais rápido possível e isso abarca nossos grandes amigos na América do Sul, incluindo o Brasil.”

Um dia depois de Bolsonaro informar que está contaminado com o coronavírus, Pompeo foi questionado pela reportagem se o brasileiro deveria mudar sua abordagem diante da crise.

Até agora, Bolsonaro minimizou o vírus, defendeu um remédio que não tem eficácia comprovada contra a Covid-19 e tem se colocado contra o uso de máscaras e o distanciamento social.

“O presidente Bolsonaro é perfeitamente capaz de tomar suas próprias decisões sobre como proceder com a situação de saúde em seu próprio país”, disse Pompeo.

Nesta terça, o secretário americano conversou por telefone com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sobre o tema “e muitas outras coisas com relação ao nosso relacionamento”.

“Eles são ótimos parceiros e amigos nossos”, disse Pompeo.

Assim como Bolsonaro, o presidente Donald Trump tem insistido no negacionismo da crise diante dos novos picos de casos nos EUA. Nas últimas semanas, após um período de melhora, ao menos 35 dos 50 estados americanos tiveram alta no número de diagnósticos.

Trump, por sua vez, chegou a dar gravidade à situação no meio de março e defendeu o distanciamento social ao menos por um mês e meio. Depois, preocupado com o impacto da pandemia na economia em ano de eleição, passou a defender a reabertura do país.

Diferentemente de como fez quando o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, recebeu diagnóstico de Covid-19, Trump ainda não se pronunciou publicamente sobre Bolsonaro.
Na terça, a porta-voz da Casa Branca, Kayleigh McEnany, disse a repórteres que ainda não havia conversado com o presidente sobre o tema, mas desejou que o líder brasileiro "fique bem e tenha uma rápida recuperação".
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