A campanha de reeleição do presidente dos EUA, Donald Trump, entrou com um processo nesta quarta-feira (19) contra Nova Jersey após o estado anunciar que vai enviar cédulas por correio para todos os eleitores.
O governador Phil Murphy, do Partido Democrata, anunciou a decisão na última sexta (14), como uma maneira de garantir que todos possam votar a distância.
O governo local busca evitar aglomerações no dia da eleição, em novembro, por conta da pandemia do coronavírus, que já matou mais de 170 mil pessoas nos EUA. O estado vai continuar oferecendo a opção de votar presencialmente a quem preferir.
No processo, a campanha de Trump argumenta que a decisão, feita por decreto, é prerrogativa do poder legislativo e “viola o direito de cidadãos aptos a votar” pelo risco de fraude. O Partido Republicano nacional e o estadual também assinam a ação.
Em entrevista coletiva, Murphy disse que a campanha de Trump “quer deslegitimar a eleição em vez de trabalhar conosco para garantir que o direito ao voto e à saúde pública sejam garantidos”.
Trump alega que o voto pelo correio levará a fraudes na eleição, apesar de o método ser utilizado por membros das Forças Armadas em postos no exterior há anos, sem problemas. Cerca de 25% dos votos na eleição de 2016 foram a distância, e o próprio Trump votou assim.
Segundo levantamento do jornal The Washington Post, Trump atacou o voto por correio 70 vezes desde o fim de março, 17 delas somente em julho. O presidente está atrás do candidato democrata, Joe Biden, em todas as principais pesquisas eleitorais.
Em declarações nesta terça-feira (18), o republicano disse que se os resultados demorarem a chegar, o pleito teria de ser realizado pela segunda vez. "Vai acabar sendo uma eleição fraudulenta, ou eles nunca vão chegar a um resultado", disse Trump. "Vão ter que fazer de novo, e ninguém quer isso."
A campanha e o Partido Republicano também processaram o estado de Nevada no dia 5 de agosto pela mesma razão. O estado é controlado pelos democratas e aprovou uma lei ampliando o acesso ao voto a distância em razão da pandemia.
O voto pelo correio virou alvo de polêmica recente nos EUA. Os democratas acusaram o diretor do serviço postal, Louis DeJoy, de planejar cortes no serviço a fim de prejudicar essa modalidade de votação e favorecer a reeleição de Trump. Dois deputados do partido pediram ao FBI, a polícia federal americana, que investigasse o diretor.
DeJoy é um conhecido doador republicano e já ofereceu US$ 2,7 milhões (R$ 14,7 milhões) para políticos da legenda, incluindo Trump. Em agosto, anunciou mudanças operacionais nos Correios dos EUA, como corte em horas extras e remoção de caixas de correio, que teriam impacto nas eleições presidenciais.
Nesta terça (18), voltou atrás e postergou as medidas para depois do pleito.
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