Democratas pedem ao FBI abertura de investigação sobre obstrução de voto por correio

Aliado de Trump, diretor do serviço postal vai depor à Câmara sobre medidas que enfraqueceram órgão

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Washington | Reuters

Dois deputados democratas pediram nesta segunda-feira (17) ao FBI, a polícia federal americana, a abertura de uma investigação contra o diretor do serviço postal dos EUA, Louis DeJoy, sob acusação de tentativa de obstrução da votação por correspondência nas eleições de novembro deste ano.

Nomeado em junho, DeJoy, que já doou US$ 2,7 milhões (R$ 14,5 milhões) para campanhas de Donald Trump e de outros políticos republicanos, ordenou mudanças operacionais e uma redução na quantidade de horas extras que os funcionários do correio podem fazer.

O objetivo alegado é contornar os problemas financeiros da instituição, que relatou um prejuízo líquido de US$ 2,2 bilhões (R$ 11,8 bilhões) no último trimestre. Críticos, no entanto, suspeitam que DeJoy esteja enfraquecendo o serviço postal para agradar o presidente americano, que tenta a reeleição.

Caixas de correspondência do serviço postal americano em estacionamento de agência no Bronx, em Nova York
Caixas de correspondência do serviço postal americano em estacionamento de agência no Bronx, em Nova York - Bryan R. Smith/AFP

A Covid-19 já matou mais de 165 mil pessoas nos Estados Unidos e criou sérios desafios logísticos para a organização de grandes eventos, como o pleito presidencial de 3 de novembro. Por isso, o voto por correspondência ganhou os holofotes na disputa deste ano.

Trump vem questionando esse tipo de votação há meses e denunciando-a como uma possível fonte de fraude, embora milhões de americanos —incluindo grande parte das Forças Armadas— votem pelo correio há anos sem problemas. Aproximadamente um em cada quatro eleitores votaram por correspondência nas últimas eleições presidenciais, em 2016. O próprio Trump já usou a modalidade.

No sábado (15), o presidente afirmou que o “voto universal por correio será catastrófico e fará dos Estados Unidos uma piada no mundo”. Segundo ele, o problema com o voto por correspondência é que nunca se saberá “quando a eleição terá terminado”.

Os deputados democratas Hakeem Jeffries e Ted Lieu, em carta enviada ao diretor do FBI, Chirstopher Wray, alegam que há evidências de que as medidas adotadas por DeJoy como diretor do serviço postal foram feitas para dificultar a votação por correspondência.

"Também há evidências de que ele tem interesses econômicos em várias entidades financeiras que são competidoras ou terceirizadas contratadas pela instituição."

Senadores democratas também agiram contra as mudanças feitas por DeJoy e pediram, nesta segunda, que o Conselho de Administração da instituição, composto por nove membros, indicado pelo presidente e aprovado pelo Senado, desfaça as medidas impostas pelo diretor.

O senador republicano Tom Cotton, por sua vez, defendeu Trump e disse que o questionamento dos democratas é uma teoria da conspiração. "A histeria sem fundamento sobre o serviço postal pode ser a mais louca até o momento", afirmou ele no Twitter.

Também nesta segunda, DeJoy aceitou depor em um painel da Câmara que investiga se as mudanças recém-adotadas no Serviço Postal poderiam afetar a capacidade da instituição de entregar as cédulas eleitorais após a votação de novembro. Segundo o painel, a presença do diretor é voluntária.

Neste domingo (16), a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, afirmou que iria convocar um retorno antecipado da Casa do recesso anual de verão (no hemisfério norte, inverno no Brasil) para votar um projeto que bloqueie as mudanças no correio.

Na última quinta-feira (13), Trump bloqueou proposta democrata de incluir no pacote de ajuda do novo coronavírus o envio de recursos ao serviço postal americano. Procuradores-gerais de alguns estados democratas também consideram entrar com ações para impedir as mudanças na instituição.

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