Colombianos se manifestam nas ruas do país desde a noite desta terça-feira (4), quando a Suprema Corte ordenou a prisão domiciliar provisória do ex-presidente e atual senador Álvaro Uribe.
Tomada de forma unânime, a decisão justifica que haveria risco de obstrução das investigações pelo ex-mandatário. Uribe é réu em um processo por suborno e fraude processual.
A emissora Al Jazeera registrou que, na noite de terça, a notícia deixou colombianos "em choque" e que apoiadores e opositores do ex-presidente foram às ruas com a bandeira do país.
Era difícil dizer, porém, "quem estava celebrando a decisão da corte e quem estava apoiando Uribe".
Nesta quarta (5), carreatas foram registradas em Medellín, e um cordão humano pela liberdade de Uribe foi formado na Calle Quinta, tradicional rua na cidade de Santiago de Cali.
Segundo o jornal colombiano La Opinión, o partido Centro Democrático convocou uma carreata em Cúcuta em apoio ao ex-presidente.
Uribe é líder da sigla, que também abriga o atual mandatário do país, Iván Duque. Os organizadores, segundo o jornal, pediram aos manifestantes que cumprissem as medidas de proteção contra a Covid-19.
Também nesta quarta, Uribe recebeu diagnóstico de coronavírus. Com 68 anos, está no grupo de risco, mas seu partido informou à agência de notícias AFP que ele "está bem de saúde".
Líder da Colômbia de 2002 a 2010, Uribe é o primeiro ex-presidente do país a ser detido. O fato é frutode uma reviravolta em um processo movido por ele mesmo em 2012, contra um de seus maiores adversários, o senador esquerdista Iván Cepeda.
Segundo o ex-mandatário, Cepeda teria contatado ex-paramilitares para que envolvessem seu nome em atividades criminosas de grupos de extrema direita que combateram guerrilhas de esquerda do país.
Mas a Corte se absteve de acusar Cepeda e, em 2018, decidiu abrir uma investigação contra o ex-presidente, sob a mesma suspeita: a de manipular testemunhos contra seu opositor.
Caso condenado, Uribe pode pegar até oito anos de prisão.
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